Graduação

Em noite marcada por emoção, Unesc forma novos médicos e médicas

Fotos: Fernando Shock/Agecom/Unesc

O primeiro acorde da música Beautiful Day, clássico da banda U2, tomou o AM Master Hall e abriu caminho para a entrada dos formandos em Medicina da Unesc. A escolha da canção sintetiza a energia do momento: um lindo dia de celebração, conquista e a sensação de que um novo ciclo inicia para cada um dos novos médicos.

Esse dia, sexta-feira (12/12), foi a consagração de anos de dedicação, renúncias e superação. O espaço se transformou em palco de encontros, abraços e da realização de um sonho que começa antes da colação de grau.

Compromisso com a vida e com a comunidade

A cerimônia reuniu familiares, amigos, professores e a comunidade acadêmica em um ambiente marcado por emoção. Aplausos, palavras de incentivo e olhares de orgulho preencheram o salão. Entre sorrisos e lágrimas, cada formando carrega consigo uma história construída entre livros, plantões, estágios e desafios que exigiram preparo técnico e força emocional.

Durante a solenidade, a reitora em exercício da Unesc, Gisele Silveira Coelho Lopes, enfatizou a importância do momento para os novos profissionais, para a Instituição e para a sociedade.

“Parabéns por terem superado os desafios e chegado até aqui. Muito obrigada por compartilharem este momento lindo e emocionante conosco. O dia de hoje não significa apenas a conquista de um diploma. Estamos aqui para celebrar trajetórias de superação, escolhas difíceis, renúncias silenciosas e uma decisão corajosa: dedicar a própria vida à vida do outro. Vocês não cursaram apenas módulos. Aprenderam a lidar com a dor, a conviver com o sofrimento, mas também a enfrentar as incertezas, a fragilidade humana e os limites da própria ciência”, declarou.

“A Medicina que escolheram não será exercida apenas nos centros de alta tecnologia, mas também, e sobretudo, nas periferias, nos interiores e nos territórios onde a vida é mais vulnerável e o cuidado é mais necessário”, acrescentou Gisele.

A reitora também reforçou a importância do exercício da profissão com humanidade, empatia e atitudes que agora fazem parte do ofício. “Inspirem por onde passarem, deixando a marca de sensibilidade diante das realidades nos diferentes contextos. Inovem, mas não deixem de defender o que acreditam. Tenham coragem para propor o novo e o diferente, para salvar e melhorar a vida das pessoas”, enfatizou.

Transformação social e futuro da Medicina

A cerimônia simbolizou o início de uma nova etapa na vida profissional, em que cada médico passa a assumir, de forma plena, a responsabilidade de cuidar de vidas e atuar com ética, ciência e sensibilidade.

A noite também prestou homenagem às famílias, que acompanharam de perto cada conquista e cada obstáculo superado ao longo da graduação, além do corpo docente, fundamental na formação dos novos profissionais.

A dupla de oradores da turma 201, Victor Hugo Fernandes Lima e Maria Luiza Cesa, iniciaram o discurso com a pergunta que acompanhou a trajetória do grupo por seis anos: ““Por que escolhemos passar por tudo isso?” Além disso, a dupla brincou com a expectativa que muitos carregaram ao entrar no curso. “Alguns de nós achamos que Medicina seria uma mistura de Grey’s Anatomy com The Good Doctor, uma temporada leve antes da vida adulta”, disse Victor.

Mas o humor deu espaço à lembrança do primeiro grande impacto. “Duas semanas depois do início das aulas, veio a pandemia e o lockdown. Percebemos que, na verdade, tínhamos sido escalados para algo muito mais complexo que qualquer série”, completou.

Foi nesse cenário atípico que os colegas começaram a se reconhecer como grupo. Aulas online, microfones abertos em momentos inoportunos, câmeras mostrando o teto, tutoriais improvisados na sala de casa e a eterna luta contra a instabilidade da internet. “Ali nasceu nossa turma. Ali começou a resposta àquela pergunta que sempre aparecia: ‘Por que escolhemos passar por tudo isso?’”, refletiu Maria Luiza.

As aulas presenciais voltaram acompanhadas de face shields, álcool em gel e distanciamento social.  Vieram os plantões, as primeiras consultas nas Clínicas Integradas de Saúde da Unesc e as conversas intermináveis com pacientes que confiavam neles mesmo antes do diploma. “O simples fato de usarmos um jaleco e um estetoscópio já despertava neles uma confiança imensa. E correspondê-la se tornou nosso compromisso”, salientou Victor.

Nascimentos, despedidas e a pergunta que sempre retornava

O internato promoveu aquilo que nenhum roteiro de série alcança. Os formandos assistiram a nascimentos, acompanharam recuperações surpreendentes, repassaram notícias difíceis, enxugaram lágrimas e viveram despedidas que os marcaram para sempre. “Foram momentos de alegria profunda e também de dor. Momentos que jamais esqueceremos. E, em todos eles, a pergunta retornava: ‘Por que escolhemos passar por tudo isso?’. Alguns dirão que escolhemos ajudar as pessoas. Outros dirão que é pelo dinheiro. Mas percebemos que estávamos fazendo a pergunta errada. Nós não escolhemos passar por tudo isso. Nós fomos escolhidos. Medicina é vocação”, relatou Maria Luiza

Transformação social

Gisele lembrou que os novos médicos concluem a formação em um momento histórico da ciência, em que, entre outros fatores, a Inteligência Artificial já auxilia no diagnóstico, a telemedicina rompe barreiras geográficas e a robótica cirúrgica redefine a precisão.

“Tudo é impressionante. Tudo é veloz. Tudo é revolucionário. Mas nunca se esqueçam que o futuro da Medicina não será apenas tecnológico. Ele será humano. Ser médico no Brasil é, muitas vezes, manter a esperança viva quando tudo ao redor parece faltar. Vocês foram formados por uma Universidade Comunitária, construída pelo esforço coletivo da sociedade, que acredita que a educação é o instrumento mais poderoso de transformação social”, destacou.

“A Unesc não forma apenas médicos tecnicamente preparados. Forma profissionais com visão social, consciência cidadã, compromisso com o desenvolvimento regional e responsabilidade ética. Vocês não levam apenas um diploma com o nome da Unesc, mas um projeto de mundo baseado no cuidado, na inclusão e na justiça social. A Unesc é uma Instituição de oportunidades, mas, sobretudo, ela amplia as oportunidades”, pontuou.

Respeito mútuo

Escolhida como paraninfa da turma, a professora Mayra Sônego, deixou uma mensagem que emocionou formandos, famílias e docentes. Ela destacou o respeito mútuo que acompanhou a trajetória dos formados e lembrou o compromisso ético e humano que marca a profissão.

“Desde o início, vocês demonstraram o olhar para o colega com respeito, compreender limitações e acolher diferenças. A Medicina exige técnica, mas clama por humanidade. Busquem a verdade, fundamentem cada decisão na ciência e tratem todos com humildade. Honrem o esforço das famílias e lembrem que a verdadeira grandeza está em reconhecer limites e seguir aprendendo”, afirmou.

Ao citar São Lucas, padroeiro dos médicos, a paraninfa reforçou o papel de cada novo profissional diante de um mundo que sofre tanto de dores físicas quanto emocionais. “Cuidem das feridas invisíveis, das dores da alma, da solidão que a tecnologia não detecta. Vocês têm o poder de fazer a diferença em um mundo que precisa de médicos que sejam, antes de tudo, curadores de almas”, disse.

“Perguntem-se, ao final de cada dia: onde eu poderia ter sido melhor? Dinheiro e reconhecimento são importantes, mas não podem ofuscar o propósito maior. Busquem a honra. O resto virá. Que o farol de São Lucas permaneça aceso dentro de vocês”, finalizou.

Texto: Marciano Bortolin/Agecom/Unesc
Fotos: Fernando Shock/Agecom/Unesc

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