
O cuidado também precisa de cuidado. Com essa proposta o projeto de Extensão Bem Viver com Alzheimer, da Unesc, realizou mais um encontro na tarde deste sábado (18/10), nas Clínicas Integradas. Voltado aos cuidadores, o grupo tem como propósito oferecer um espaço de escuta, acolhimento, troca de experiências e aprendizado.
A iniciativa nasceu no curso de Fisioterapia da Universidade e se consolidou como uma iniciativa que une Ensino, Pesquisa e Extensão em torno de um tema que mobiliza famílias e profissionais. “O Bem Viver já é um grupo antigo dentro do curso de Fisioterapia, vinculado à Extensão. Ele sempre teve como objetivo principal cuidar de quem cuida, ou seja, dos cuidadores de pessoas com Alzheimer. A maioria é formada por familiares, embora também tenhamos cuidadores profissionais. Nossa proposta é promover benefícios reais para a comunidade e, ao mesmo tempo, gerar conhecimento científico”, explica a coordenadora do projeto Elaine Meller.
Tarde de aprendizados
Os encontros, realizados uma vez por mês, são planejados para oferecer uma tarde inteira de partilha e aprendizado. “Começamos por volta das 14h e vamos até o fim da tarde. A ideia é que esse seja um momento só para o cuidador, um tempo que ele possa se dedicar a si mesmo”, conta a coordenadora.
A cada edição, o grupo escolhe um tema central. Questões relacionadas ao Alzheimer, como manejo de medicação, comportamento, autocuidado e bem-estar, são abordadas de forma leve, sempre com o apoio de convidados e acadêmicos de diferentes áreas. “Começamos com um momento de acolhimento e escuta, fazemos dinâmicas, rodas de conversa e o tradicional café. Também promovemos atividades práticas, como alongamentos e exercícios simples, para que o cuidador tire um tempo para si”, detalha.
Mesmo com os desafios de agenda e o cansaço que envolve a rotina de quem cuida, a participação segue expressiva. “Há dias com 20 ou 30 pessoas e outros com grupos menores. Isso é natural, porque o cuidador está sempre muito voltado à pessoa que recebe os cuidados. Mas o mais bonito é ver o vínculo criado entre eles e o envolvimento de egressos e voluntários que continuam contribuindo. Mais do que um espaço de pesquisa, o Bem Viver é um local de afeto onde quem cuida também pode ser cuidado”, resume.
Inovação e pesquisa
Além do acolhimento emocional e do suporte social, o Bem Viver também tem se tornado espaço de inovação e pesquisa. Durante o encontro deste sábado, o professor do curso de Ciência da Computação, André Faria, apresentou um jogo de memória desenvolvido especialmente para o projeto, em parceria com um acadêmico.
“É um jogo lúdico, criado para treinar a memória e também avaliar o desempenho cognitivo das pessoas que jogam. Ele coleta métricas como número de jogadas e tempo de resposta, o que nos permite comparar resultados entre diferentes grupos, sendo pessoas sem declínio cognitivo, com declínio leve ou com Alzheimer.”, explica.
“Estamos aplicando o jogo aos participantes do Bem Viver com Alzheimer e em outros grupos de idosos para validar os resultados e aprimorar o sistema. É um trabalho que une tecnologia, saúde e cuidado”, cita o professor.