
O setor químico do Sul de Santa Catarina deu um passo importante rumo à inovação e à competitividade. Nesta terça-feira (12/8), no Centro de Inovação Criciúma (CRIO), o projeto InovaSul: Transformando Setores apresentou resultados estratégicos para empresas do setor Químico da região, reforçando o papel da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) como elo fundamental entre ciência, dados e a realidade produtiva.
A ação, conduzida pela Agência de Desenvolvimento, Inovação e Transferência de Tecnologia (Aditt) da Unesc e pelo Observatório de Desenvolvimento Socioeconômico e de Inovação da Universidade, mapeou oportunidades para novos produtos, processos e serviços no setor químico, com base em estudos detalhados e análise de tendências. A iniciativa conta com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – Termo de Fomento 936031.
Projeto Inova Sul: Transformando Setores – Foco no Setor Químico entra na fase final
O Projeto Inova Sul: Transformando Setores, nesta edição dedicado ao setor químico, é uma iniciativa da Unesc em parceria com o Sinquisul e chega à sua fase final. Empresários, pesquisadores e a imprensa estão convidados a conhecer os resultados obtidos e a Vitrine de Oportunidades mapeadas para o segmento. O encontro será realizado no dia 12 de agosto (terça-feira), a partir das 8h30, no Centro de Inovação de Criciúma (CRIO).
O encontro reuniu representantes de empresas do segmento e do Sindicato das Indústrias Químicas do Sul Catarinense (Sinquisul), fortalecendo a integração entre os diferentes atores do ecossistema de inovação regional.
A indústria química desempenha um papel estratégico na economia catarinense, gerando R$ 6,3 bilhões em valor adicionado no estado em 2023. A região da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (AMREC) se destaca como a segunda mais relevante, contribuindo com mais de R$ 1,2 bilhão. Com mais de 13 mil empregos formais em Santa Catarina, o setor se consolida como um dos pilares para o desenvolvimento socioeconômico regional.
Conforme a reitora em exercício da Unesc, Gisele Coelho Lopes, iniciativas como essas são fundamentais para parar, refletir e construir um planejamento coletivo. “Como vamos inovar o nosso modelo mental para que possamos manter a arrecadação dos municípios e fazer com que a gente continue gerando riqueza? O que nós estamos fazendo já? Olhar para o futuro é ter disposição, informação confiável e completa, junto de uma instituição disponível com outros parceiros, para que possamos, então, induzir um pensamento estratégico para fortalecer os principais setores da economia”, afirmou, acrescentando que, com o diagnóstico em mãos, aliado ao apoio da Universidade, o setor conta com uma infinidade de oportunidades à disposição.
De acordo com a gerente de Inovação e Empreendedorismo da Universidade, Elenice Padoin Juliani Engel, os dados apresentados ao público nesta terça-feira são importantes direcionadores estratégicos obtidos a partir da escuta qualitativa dos CEOs dos segmentos e de estudos técnicos acerca do cenário nacional e internacional em paralelo ao regional.
“Apresentamos, por meio do Observatório, uma vitrine de oportunidades que o setor pode adotar para que possa desenvolver ainda mais a inovação, a automação, a economia circular e a formação técnica que serve como base para o desenvolvimento desse setor. Agora temos em mãos um documento completo e rico em informações relevantes para colaborar na tomada de decisões do setor, que segue com apoio da nossa Universidade para os próximos passos dessa trajetória”, reitera.
Conforme o coordenador do Observatório, professor Afonso Valeu Júnior, o estudo incorpora reflexões de empresários, especialistas e representantes do setor químico, colhidas por meio de fóruns regionais, entrevistas e escutas qualificadas. “O relatório apresentado hoje e que está disponível no site do InovaSul (https://www.unesc.net/inova-sul) sintetiza os principais desafios enfrentados, as potencialidades identificadas e os cenários projetados para o futuro, apresentando diretrizes estratégicas voltadas à formulação de políticas públicas, atração de investimentos e estímulo à inovação tecnológica e à qualificação produtiva. Ao integrar dados, percepções e propostas, o estudo busca contribuir para a construção de um ambiente de negócios mais integrado, resiliente e competitivo”, explica.
Entre os dados apontados no estudo estão os principais desafios a serem enfrentados: Infraestrutura e Logística; Mão de Obra e Qualificação Profissional; Inserção no Mercado Global; Tributação e Informalidade; Inovação e Desenvolvimento Tecnológico e Burocracia e Ambiente Regulatório. “O fortalecimento da indústria química na região depende de um planejamento estratégico que estimule a competitividade, promova a inovação tecnológica e favoreça a inserção internacional, criando condições mais adequadas para o crescimento sustentável do setor”, aponta o relatório.
Otimismo no setor
O presidente do Sinquisul, Valdinei de Souza, destacou que o estudo apresentado é um ponto de partida para um trabalho que terá sequência. “Muito importante essas informações que recebemos. Agora cabe às empresas do setor químico, com isso em mãos, buscar essas parcerias com a Unesc e demais órgãos porque há muito a se fazer mediante todos os dados que foram apresentados. Esse foi o primeiro passo. Agora vamos dar sequência. Já conversamos aqui e estamos engajados para esses próximos passos que estão por vir”, disse.
Ainda de acordo com Valdinei, a união de esforços potencializa a divulgação das possibilidades disponíveis pela Universidade. “As empresas muitas vezes não sabem o que a Universidade tem como solução para colaborar com os negócios. Cabe a nós também como Sindicato colaborar na disseminação dessas informações”, acrescentou.
A relevância dessa aproximação foi reforçada por lideranças do setor. Para Edilson Zanatta, conselheiro e acionista da Farben, unir indústria e Universidade é essencial para explorar todo o potencial da inovação. “Muitas vezes, no dia a dia, ficamos presos ao básico e esquecemos o quanto a parceria com uma instituição de pesquisa e inovação pode contribuir. Essa troca traz criatividade e uma visão externa valiosa para dentro das empresas”, afirmou.
Rosita Luciano, química da Resicolor Tintas, ressaltou que o interesse da indústria em se aproximar da academia não é de hoje e iniciativas como o InovaSul tornam essa ligação mais efetiva.
“Acho super importante fomentar esse tipo de discussão, porque a Resicolor, como associada no Sinquisul, percebe que é comum na indústria a vontade e a iniciativa de se aproximar da Universidade e havia a necessidade de fazer essa ligação de forma mais assertiva. Acredito que discussões como essa venham a aproximar e a fomentar novas ideias para, de fato, acontecer essa inovação com o apoio da Universidade”, pontuou.
Para Alexsandro Colombo Zanoni, diretor administrativo-financeiro da Anjo Tintas, a integração vai além do presente. “É a preparação de um território para o futuro das próximas gerações. O sucesso depende de uma mudança cultural das empresas, com abertura para o novo, para o contraditório e para o compartilhamento de conhecimento”, destacou.
O Projeto InovaSul: Transformando Setores atua de forma estratégica em dez áreas-chave da economia da Amrec e Amesc, aliando ciência, dados e inovação às matrizes econômicas regionais.