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O futuro da Unesc em pauta no Nomes & Marcas, na Rádio Som Maior

Reitora contou detalhes do momento e do futuro da Universidade / Fotos: AgeCom / Arquivo

Em uma entrevista de cerca de 30 minutos, que foi ao ar neste fim de semana no programa Nomes & Marcas, a reitora Luciane Bisognin Ceretta falou ao jornalista Adelor Lessa e aos ouvintes da Rádio Som Maior sobre o momento e o futuro da Unesc e das instituições comunitárias em Santa Catarina.

“Eu sou uma defensora das Universidades comunitárias, represento a Acafe como vice-presidente, faço parte da executiva da Associação Brasileira e também do Conselho de Reitores de Universidades brasileiras. Tenho participado e acompanhado as discussões em âmbito nacional”, destacou. Ela pontuou a importância da união de forças para manutenção das Universidades comunitárias. “Elas resistirão se todos quisermos, se todas as forças vivas da sociedade identificarem as potencialidades, o patrimônio intelectual para suas cidades, e assim fizerem a proteção necessária”, destacou.

A reitora destacou a mudança em bases legais recentes que permitiu delimitar os perfis das Universidades, melhor colocando as comunitárias no contexto. “Até pouco tempo nós tínhamos uma dificuldade entre reconhecer as instituições estatais, as públicas, a Federal, a Udesc que faz parte da Acafe inclusive, que é a estadual catarinense, e as privadas, e as comunitárias transitavam um pouco de cada lado”, lembrou. “Envidamos muitos esforços. O senador Jorginho Mello foi autor da lei que confere às Universidades comunitárias a sua identidade. Temos essa tripla identidade, privadas, públicas e comunitárias. Isso nos conferiu robustez no acesso a recursos diferenciados e também em toda a sua estrutura de gestão, que permite uma maior captação de recursos e uma maior sustentabilidade”, sublinhou.

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Luciane lembrou a eficiência do modelo das comunitárias, como algo a ser preservado e ampliado. “Elas são instituições que não tem dono, tem gestão que responde por elas, tem origem pública mas são mantidas pelas receitas dos seus estudantes. Eu defendo muito esse modelo pois ele não pesa sobre o Estado, como único provedor e maior responsável. Defendo as estatais e seu importante papel, sou egressa de uma delas”, reiterou.

A reitora observou que há espaço para as privadas, mas que as comunitárias representam um diferencial só delas. “Mas também acredito que o cenário onde estamos permite a livre economia para a educação, as privadas tem seu espaço, suas entregas e ofertas, no entanto as comunitárias, justamente por não gerarem lucro mas sim resultados que reinvestem na formação acadêmica e nos tantos projetos que elas tem e que contribuem fortemente com o desenvolvimento das suas regiões”, enfatizou.

Ela foi além na comparação entre as comunitárias e as instituições privadas. “Preciso comparar, com todo o respeito que tenho pelos segmentos, uma instituição privada não tem o mesmo compromisso. Ela tem uma oferta e entrega, é transparente no que propõe. Tem um grupo de acionistas e vive desse lucro. A comunitária, não. Tem todo um reinvestimento que se faz para a própria região”, salientou.

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Daí, Luciane Ceretta pontuou os diversos projetos de extensão que confirmam a vocação comunitária de instituições como a Unesc. “Só a Unesc, hoje, tem mais de 400 projetos de intervenção nas comunidades, nos municípios, está presente em todos os municípios da macrorregião Sul com ao menos um projeto. E isso acontece em todo o estado, somos 15 instituições em todo o estado. Somos um braço forte do desenvolvimento social, econômico, ambiental e cultural. Todas as nossas instituições têm pelo menos 50 anos, têm tradição mas se ressignificam para esse novo momento, reconhecendo novas necessidades sociais e buscando atender pela formação, e não puramente pelo negócio. Essas são as diferenças que precisam ficar muito claras”, relatou.

A força do investimento da pesquisa também tem feito a diferença na ação das comunitárias por suas regiões. “Temos mais de 500 grupos de pesquisa, somos uma referência internacional na área de Ciências da Saúde. O professor Felipe Dal Pizzol, por exemplo, é um dos três principais pesquisadores do Brasil e um dos 100 maiores em escala internacional. É um investimento que fazemos”, afirmou.

Um próximo passo nesse avanço das comunitárias, lembrou a reitora na entrevista ao Nomes & Marcas, é o alcance cada vez maior ao setor produtivo. “Muitas vezes eu dialogo com a comunidade interna que esse espaço da Universidade, justamente por ser comunitária, precisa abrir as portas para todos. Para as comunidades, o setor público e para o setor produtivo, que precisa se reconhecer aqui. Esse é um espaço de todos, onde soluções importantes podem ser apresentadas. Temos hoje condições de buscar solução em qualquer área do conhecimento, ou desenvolve-las”, explanou.

O novo modelo pedagógico

Provocada a falar a respeito, a reitora Luciane Ceretta destacou também a nova fase que a Unesc passa a enfrentar com o advento do avanço das tecnologias e a rediscussão da presencialidade no ambiente universitário.

“Em 2018 e 2019 fizemos algumas viagens, visitamos outros modelos pedagógicos internacionais e já estávamos iniciando todo um projeto de discussão em âmbito institucional sobre a reformulação que chamamos de inovação curricular e pedagógica. Concluímos 2019 com o recredenciamento, atingimos conceito máximo, passamos pelo recredenciamento do curso de Medicina, também com conceito máximo, viemos muito focados para 2020 daí veio a pandemia”, recordou. “Hoje, um projeto que se consolidaria em cinco anos, se consolidou muito rapidamente. Primeiro foi necessário atender a urgência do momento, passando 12 mil alunos do presencial para o remoto e fizemos isso em uma semana, e diria que com resultados excelentes, diante das condições postas”, relembrou.

O modelo de formação se pautará ainda mais na experiência

Daí veio a necessidade de antecipar um processo de inovação curricular que se daria em alguns anos. “No entanto, enquanto seguíamos com essa nova formulação e muito diálogo com os estudantes, para que eles compreendessem o momento, paralelamente nós demos continuidade à construção do projeto de inovação curricular e pedagógica. Estava claro, antes da pandemia e acelerado por ela, de que o momento pedagógico adotado até então trouxe grandes contribuições à formação até aqui, mas precisaríamos ressignificá-lo, e assim fizemos. E iniciamos 2021 com toda essa discussão e iniciaremos agora, em 2022, com um novo formato curricular, que passa a ser híbrido, que preserva a essência dos encontros presenciais mas preserva a tecnologia, promovendo a autonomia do estudante”, assinalou.

A reitora reforçou o quanto a experiência dos estudantes terá peso nesse novo modelo, que na Universidade faz parte do contexto do Inova Unesc e da Graduação Multi. “Nesse novo formato estamos muito focados na experiência. Entendemos que o cenário de hoje solicita sujeitos com maior rapidez para identificar problemas complexos e, portanto, apresentar soluções que resolvam esses problemas. Isso passa pela formação”, pontuou.

Luciane Ceretta detalhou o quanto a tecnologia está permitindo aprofundar conhecimentos. “A formação essencialmente teórica já não dá mais conta desse processo. Fizemos toda uma reformulação, e o remoto foi motivo de preocupação no começo mas hoje é uma grande solução. Você tem Oxford dentro da sala de aula, da graduação. A empresa apresentando seus problemas, os estudantes estudando a solução, retornando à empresa, fazendo a aplicação. Me refiro aqui às Ciências Sociais Aplicadas, mas em todas as áreas, um setor hospitalar por exemplo. É esse o modelo robusto que estamos pondo em prática, bem elaborado, com uma equipe muito focada, com uma consultoria externa de altíssima qualidade, referência internacional. É uma das questões que me mobiliza muito para o próximo ano”, esmiuçou.

A realização na gestão

O diálogo com todos é uma premissa; na foto, visita recente do prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro

Luciane Ceretta teve a oportunidade, também, de contar o quanto se sente realizada na gestão da Unesc. “Muitíssimo, altamente motivada. Chego muito cedo, saio muito tarde, e cada dia que passa eu tenho a sensação de que é um dia a menos, então preciso fazer mais”, contou. “Tenho a sorte de ter uma grande equipe, um grupo muito motivado, muito engajado em torno dos projetos institucionais, com muito respeito às proposições que se faz, com muito debate”, completou.

A reitora comentou como são encarados os problemas na atual gestão. “Em tempos desafiadores como esse, eu não consigo ficar olhando para o problema, eu preciso buscar a solução e olhar para as oportunidades postas. Isso também me realiza muito, me sinto muito motivada justamente pelos desafios do tempo presente”, comentou. “Nós temos todo esse cabedal de gestão para ser acompanhada, feita, tanto do lado acadêmico e pedagógico tanto do lado da gestão institucional, vivemos sim tempos desafiadores mas buscamos oportunidades. Estamos em um processo de expansão importante, de consolidação e ressignificação de formas de fazer o ensino e a aprendizagem”, emendou.

Atualmente, a Unesc conta com exatamente 12.887 estudantes. “Criamos todo um ecossistema de inovação que se conecta com o mundo, mas que está focado em contribuir com a transformação da região, isso me mobiliza muito para seguir adiante, dando conta dos projetos e metas institucionais. Hoje a gente tem, compreendendo graduação, pós-graduação e Colégio Unesc, são 12.887 estudantes, mais escola técnica, mestrados e doutorados, temos mais 1,5 mil colaboradores e temos, todo o dia, transitando na Universidade, de 800 a 1 mil  pessoas, que buscam atendimentos. É uma cidade”, disse.

A trajetória profissional e pessoal

Na entrevista ao Nomes & Marcas, ainda, Luciane Ceretta contou detalhes da sua trajetória pessoal e profissional. Nascida em Faxinal do Soturno, no interior do Rio Grande do Sul, Luciane é filha de uma família com muitas conexões com a educação e o empreendedorismo, fatores que moldaram a sua personalidade.

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“Fiz meu ensino médio lá e gostava, tinha esse interesse de cuidar das pessoas, de estar próxima das pessoas, a enfermagem me parecia atraente nesse aspecto, de fato foi. Construí boa parte da minha trajetória por ali, depois fiz Administração de Empresas, sou apaixonada pela gestão, fiz quatro MBAs em gestão, sempre procurando entender melhor os meandros dessa prática. Trabalhei bastante tempo na gestão de serviços de saúde pública”, contou.

Cedo veio para Santa Catarina. Aos 21 anos, foi convidada para ser secretária municipal de Saúde na cidade de Iporã do Oeste. De lá, veio para Criciúma, e participou ativamente do modelo de implantação das políticas de saúde primária em bairros da cidade. “Tive uma passagem importante pela Vila Manaus, onde pude desenvolver um trabalho forte na atenção primária com aquelas lideranças comunitárias e participei da implantação dos serviços de saúde em Criciúma”, recordou.

Atualmente, Luciane Ceretta é acadêmica de Direito, o que se soma às suas formações em Enfermagem e Administração de Empresas. “Estou na terceira fase de Direito. Na condução da gestão, o Direito amplia o olhar, melhora a tomada de decisões, apoia e ancora nas diferentes formas de olhar uma mesma situação. O Direito pode ter para ser operador do Direito ou complementar aquilo que você escolheu para fazer, sobretudo na gestão. Todos deveriam ter conhecimentos relacionados a Administração de Empresas e Direito”, comentou.

Luciane lembra com carinho quando recebeu o título de cidadão honorária de Criciúma. “Uma das coisas que me orgulha muito, que eu costumo dizer que é minha certidão de nascimento, é quando eu recebi o título de cidadã honorária de Criciúma. Eu me senti ainda mais criciumense. Hoje a maior parte da minha vida é vivida em Santa Catarina do que na minha origem, lá no Rio Grande do Sul”, resgatou.

Confira a íntegra da entrevista no podcast do programa Nomes & Marcas:

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