
A Unesc promoveu na última semana, o encerramento do Grupo Reflexivo LGBTQIAPN+, iniciativa do Programa Acolher – Saúde Mental, em parceria com a Secretaria de Diversidade e Políticas de Ações Afirmativas. O encontro teve como tema central “Família: a que veio e a que ficou”, reunindo estudantes e representantes da comunidade LGBTQIAPN+ em um espaço de escuta, acolhimento e construção coletiva.
Mais do que uma roda de conversa, o grupo se consolidou como um espaço seguro para refletir sobre pertencimento, afetos e redes de apoio. Para a psicóloga Geovana Lisa Paraguaia Ribeiro, responsável pela condução do grupo, iniciativas como essa são fundamentais para o cuidado em saúde mental.
“Acredito muito que esse cuidado começa quando a gente se sente pertencente, ouvido e respeitado. Esse grupo é justamente sobre isso: criar pontes, derrubar preconceitos e afirmar que todos têm direito de existir e ser quem são, com dignidade e liberdade”, destacou.
Durante o encontro, os participantes compartilharam experiências marcantes, reafirmando o impacto do grupo em suas vivências pessoais e acadêmicas. Um dos depoimentos foi do acadêmico de Medicina da Unesc e representante do Coletivo Trans de Criciúma (CTC), Alex Evaldt. “Falar sobre família na perspectiva da população LGBTQIA+ é também falar de resistência, reconstrução e afeto. A família, que tantas vezes nos foi negada ou condicionada, precisa ser ressignificada a partir das nossas vivências reais, do nosso direito de existir e amar. Representar o CTC foi muito potente e gratificante. Seguimos resistindo e ocupando espaços que sempre foram nossos por direito”, disse.
Estudantes do curso de Psicologia, que integram o Programa Acolher em estágio, também participaram da atividade. A estagiária Anna Laura Francisco Rios compartilhou o quanto essa vivência fortaleceu sua trajetória profissional:
“No nosso último encontro foi extremamente especial. Refletimos sobre o significado de família para cada um, e sabemos que esse significado não é o mesmo para todo mundo, especialmente para quem faz parte da comunidade LGBTQIAPN+. Pensar a família como nossa verdadeira rede de apoio, quem está ao nosso lado de fato, foi transformador. Mesmo ainda não sendo psicóloga, perceber que consegui causar algum efeito positivo na vida de alguém me traz um sentimento gratificante”, comentou.
Para o coordenador do Programa Acolher, Zolnei Vargas, o grupo é uma expressão de cuidado e também de resistência política e simbólica. “Espaços como este reforçam nosso compromisso com a comunidade LGBTQIA+. São celebrações que carregam um profundo sentido histórico: são manifestações públicas de resistência, afirmação de identidades e exigência de direitos. Especialmente para a população universitária LGBTQIA+, esses encontros garantem segurança psicológica no cotidiano e oferecem um espaço de afeto e pertencimento”, destacou.
A roda de conversa também marcou as ações da Universidade em alusão ao 28 de junho – Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Para a coordenadora da Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas, Janaína Damásio Vitório, a data não é apenas comemorativa, mas um chamado à ação. “Este é um momento que marca não apenas a resistência frente à discriminação e à violência, mas também a afirmação da dignidade, da liberdade e do direito de existir plenamente. A proposta da roda de conversa foi criar um espaço sensível e reflexivo sobre as múltiplas configurações familiares e seus impactos na vida da comunidade LGBTQIA+. Mais do que celebrar, é preciso promover ambientes educativos inclusivos, enfrentar a LGBTfobia e construir políticas que garantam o direito de todos e todas viverem com orgulho de quem são”.