
Com o compromisso de formar profissionais atentos à diversidade e às demandas sociais, o curso de Psicologia da Unesc promoveu, recentemente, o evento “Acessibilidade: desafios e possibilidades”. A ação nasceu das discussões em sala de aula da disciplina Psicologia Aplicada à Pessoa com Deficiência, ministrada na quinta fase do curso, e se consolidou como uma proposta integradora entre teoria e prática, reunindo especialistas, representantes do movimento PcD e acadêmicos em uma troca potente e transformadora.
O primeiro encontro foi realizado no Miniauditório do Complexo Esportivo da Universidade. Na abertura, a professora doutora Aline Savi apresentou as tecnologias assistivas como aliadas na promoção da autonomia, trazendo exemplos concretos de recursos que ampliam a independência de pessoas com deficiência em diferentes contextos.
Em seguida, a psicóloga Camila Rosalino, egressa da Unesc e ativista do Coletivo PcD, compartilhou sua trajetória pessoal e profissional, apontando os desafios cotidianos impostos pelo capacitismo e pela falta de acessibilidade. Sua fala trouxe emoção e reflexão, evidenciando a importância de escutar quem vivencia, na prática, as barreiras impostas pela sociedade.
A acadêmica Ana Júlia Vieira também dividiu sua experiência com a corrida, destacando o esporte como um meio de superação, empoderamento e bem-estar. Já Emily Procópio, intérprete de Libras, abordou os obstáculos enfrentados na comunicação por pessoas surdas ou com deficiência auditiva, defendendo a valorização da Libras como ferramenta fundamental para a inclusão plena.
Inclusão institucional e trajetórias profissionais
A programação seguiu no Auditório Edson Rodrigues, no Bloco P, com foco nas trajetórias profissionais e na inclusão institucional, iniciando com o debate sobre inclusão no mundo do trabalho e em Instituições de Ensino. A professora mestra Rosimeri Vieira, coordenadora do Curso de Psicologia, trouxe reflexões sobre o desenvolvimento da pessoa com deficiência intelectual e do adulto com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em ambientes organizacionais, propondo estratégias de adaptação, acolhimento e desenvolvimento de competências socioemocionais das equipes.
Para ela, o Treinamento e Desenvolvimento (T&D) inclusivo não tem a intenção de modelar a pessoa com deficiência à função, mas trazer, de forma clara e objetiva, quais são as atividades para a pessoa atuar de forma produtiva e com bem-estar, além de conscientizar toda a equipe de que essa pessoa possui competências agregadoras imprescindíveis para o alcance dos resultados organizacionais. “É muito importante que todos estejam cientes da diferença entre capacitação e capacitismo”, destacou.
A coordenadora do Setor de Apoio Multifuncional de Aprendizagem da Unesc, Cíntia dos Santos, apresentou o trabalho institucional voltado ao atendimento de acadêmicos com deficiência, os impactos na aprendizagem e a importância da formação continuada para o trabalho especializado.
A fala de Elisabete Barbosa, psicóloga, egressa do curso, emocionou a todos ao narrar sua trajetória acadêmica e profissional, revelando os desafios enfrentados, mas também as conquistas obtidas com persistência e projetos adaptativos.
Emily Procópio retornou para reforçar os aspectos da acessibilidade comunicacional, com foco nos direitos linguísticos e na importância da Libras, e práticas acessíveis nas instituições. Guilherme Machado, convidado especial, encerrou com um relato contundente sobre o cotidiano de uma pessoa com deficiência, pontuando avanços, mas também enfatizando os entraves ainda presentes na sociedade brasileira.
Formação que transforma: teoria e prática articuladas
A mediação foi conduzida pela professora mestra Ana Rosado Teixeira, indo ao encontro do que foi estudado em sala de aula. Segundo ela, o evento buscou proporcionar experiências significativas e ampliar o repertório dos acadêmicos sobre a importância de exercer a profissão ciente das contribuições do psicólogo para a temática anticapacitista.
O evento, apoiado pelo Centro Acadêmico do Curso de Psicologia, teve a presença da presidente Camila Jacoby, dos acadêmicos integrantes do CA, Giovane de Souza e Willian Martins. “Mais do que um espaço de escuta, tornou-se uma experiência teórico-prática para os acadêmicos que agora se preparam para concluir o trabalho final da disciplina com base no referencial teórico, nas discussões e nos aprendizados partilhados”, finalizou a coordenadora do curso de Psicologia.