Neabi

Programação do 18º Maio Negro é aberta oficialmente

O evento foi aberto com a palestra do egresso, professor, pesquisador do Neabi, Douglas Vaz Franco Santana, com o tema: Criciúma da Nossa Gente (Fotos: Décio Batista e Carla Giassi/Agecom/Unes)

“Um sorriso negro, um abraço negro, traz felicidade…negro é a raiz da liberdade!” O refrão da música composta pela sambista Ivone Lara destaca a luta de um povo marcado pela escravidão, discriminação e preconceito. Na Unesc, a reflexão ganha destaque por meio do 18º Maio Negro, promovido pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), que preparou uma vasta programação até o dia 31/5. Este ano, excepcionalmente, a ênfase está nas comemorações do centenário de emancipação político-administrativa de Criciúma, com o reconhecimento da negritude na construção da cidade.

“Trabalhamos o reconhecimento do povo negro, que colaborou muito com esta terra e que, muitas vezes fica à distância. Não se fala muito a respeito da participação dessa gente na construção de Criciúma. Tivemos recentemente, o falecimento de duas negras com cerca de 100 anos, que contribuíram em suas comunidades e com o desenvolvimento da cidade e não são faladas. Essa nossa ação é para que se lembrem: Criciúma não foi construída somente pelos colonizadores e imigrantes italianos, mas sim com a participação de outros segmentos raciais. A academia tem o dever de promover o assunto para o contexto e mostrar que essas pessoas também fazem parte da história”, explicou a coordenadora do Neabi, Normélia Ondina Lalau de Farias.

A programação do Maio Negro continua nesta quarta-feira (14/5), com o Afrocine – Festival de Cinema Antirracista, a Sala Edi Balod. Na quinta-feira (15/5), o Neabi participa da Comunidade de Aprendizagem, momento em que promoverá diálogos com os docentes universitários. Já na sexta-feira (16/5), será realizada a contação de história infantojuvenil, na Biblioteca Central Eurico Back e com o quiz antirracista com o Ensino Fundamental II e Ensino Médio do Colégio Unesc. No sábado (17/5), ocorre o quiz ocorre com os estudantes de Graduação e Pós-Graduação e colaboradores da Unesc.

“Um acadêmico que escolhe uma Universidade como a nossa para ancorar a sua formação integral, descobre que o nosso compromisso não é somente com a formação técnica, mas que prepara para a vida. Nós precisamos dizer a todos que essa pauta do povo negro não é somente deles, mas também minha: da Gisele branca. O racismo não foi criado pelo negro, mas por gente da minha cor. Então essa pauta também é do estudante, seja branco, preto, pardo ou indígena. Essa história não é só de uma raça, mas de todas. Precisamos aprender a dialogar, a conviver e nos respeitar, pois todos somos seres humanos e aqui é o lugar certo para termos este diálogo”, comentou a vice-reitora e pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão, Gisele Coelho Lopes.

Caminhada

A representante do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compirc) e coordenadora da  Secretaria de Diversidades e Políticas de Ações Afirmativas da Universidade, Janaína Damásio Vitório, lembrou que a abertura do Maio Negro ocorreu no dia da abolição da escravidão no Brasil.

“Para nós não é só comemoração, é dia de memória, de reflexão e de reafirmação da luta do povo negro. Também é dia do Preto-velho, Orixá que carrega em si toda a dor do cativeiro, mas também a sabedoria, o amor e a cura ancestral que ainda nos fortalece. Reforço a importância desse espaço e agradeço profundamente a Unesc e ao Neabi por caminharem conosco nessa luta por igualdade racial. Essas parcerias são fundamentais para transformar a realidade com a educação, consciência e ação”, relatou.

Neste ano,  o Maio Negro posui o tema “Criciúma da Nossa Gente: Caminhos para a Memória Negra da Cidade”. “Busco trazer a história das pessoas negras e a estrutura que elas trouxeram para a base do desenvolvimento da cidade. Entendemos que existe um ocultamento, um silenciamento das histórias e trajetórias negras na historiografia oficial do município. Então, a minha intenção com a palestra, é provocar essa história e promover outras narrativas para a contribuição desses 100 anos de emancipação político-administrativa de Criciúma”, salientou Douglas Vaz Franco Santana.

Reflexão

A programação da iniciativa segue na próxima semana com o Neabi Educa: Aprendendo com o Pequeno Manual Atnitrracista de Djamila Ribeiro, na segunda-feira (19/5); a Formação Docente Antissarcista com os professores Normélia Ondina Lalau de Farias e Douglas Vaz Franco, no Colégio Unesc, no sábado (24/5). No mesmo dia ocorre a Festa Africana promovida pela Associação dos Estudantes Angolanos de Criciúma, na Sociedade Recreativa Sul do Estado. No dia 29/5 será lançado o livro da escritora negra infantil Maya Alves da Silva, no Auditório Edson Rodrigues, no campus da Universidade,. A programação do Maio Negro encerra no dia 31/5 com o LiterAfro Indigena, na Sociedade Recreativa União Operária.

“Falar sobre as vozes das raízes de Criciúma me toca muito porque foi no Neabi que eu vi essas raízes e me encontrei. Se hoje estou aqui enquanto professor, mestre em Direitos Humanos, vice-presidente Estadual do Conselho da OAB, foi porque encontrei no núcleo encontrei esse espaço de luta, de apoio e de consolo. Enquanto professor, o nosso trabalho, muitas vezes, é dizer o óbvio, incansavelmente, até que as pessoas entendam aquilo que é óbvio”, comentou o vice-presidente da Comissão Estadual de Direitos Humanos da OAB Santa Catarina, Jorge Miguel Nascimento Guerra. 

A programação completa da 18ª ediçãod o Maio Negro está disponível no perfil oficial do Neabi no Instagram: @neabi_unesc.

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