Geral

Projeto “Negritude em Criciúma” percorre bairros para resgatar memórias e histórias daqueles que contribuíram com a cidade

Websérie valoriza a ancestralidade e as contribuições da população negra para a construção cultural, social e econômica ao longo do tempo. (Fotos: Filipe Córdova/Especial)

A websérie “Negritude em Criciúma: Resgatando Memórias e Trajetórias” é construída com base em rodas de conversa realizadas nos bairros da cidade. A produção, que teve início em janeiro de 2025, busca promover uma nova perspectiva sobre a história da população negra na cidade. A produção é viabilizada com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Lei nº 14.399/2022), por meio do edital nº 01/2024/FCC.

Idealizada pelo acadêmico de Publicidade e Propaganda da Unesc, Marciano Alves, a websérie conta com apoio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi), da Universidade. Por meio de entrevistas com descendentes, relatos históricos e interações com a comunidade, o material resgata memórias e visa transformar a maneira como a população enxerga a própria identidade.

“Os episódios não apenas recontam histórias de resistência, mas também celebram a importância da cultura afro-brasileira e promovem o reconhecimento das raízes que moldaram a cidade. As memórias e os relatos abordam temas como ancestralidade, luta, resiliência e a contribuição cultural das famílias negras que, ao longo das décadas, desempenharam papel essencial na formação de Criciúma”, relata o idealizador e coordenador do projeto, Marciano Alves.

Presença nos bairros

“Acho este projeto muito importante, pois é uma forma de mostrar a história, além de discutir a forma que os negros chegaram aqui”. A frase é do morador do bairro Próspera, Juarez Rosa da Costa,  que fez questão de participar da Roda de Conversa realizada na Praça do Trabalhador em uma manhã ensolarada de sábado.

Durante cerca de duas horas, ele, ao lado da família, relatou diversas histórias que retratam a contribuição dos negros ao bairro. “Essa é uma bela oportunidade para externar a contribuição do nosso povo”, conta. 

Composta por cinco episódios, a websérie “Negritude em Criciúma: Resgatando Memórias e Trajetórias” expande e aprofunda o projeto anterior “Negritude em Criciúma: A Contribuição do Clube dos Morenos na Representatividade do Povo Negro na Região Carbonífera”, produzido no ano passado com foco nas histórias das primeiras famílias negras que chegaram à cidade ao destacar as trajetórias de resistência e contribuições para a construção social, cultural e econômica do município.

Cada episódio é  focado em uma família negra específica da cidade, com entrevistas, relatos vívidos e registros visuais que enfatizam a importância histórica, cultural e social dessas famílias. “Nestes 100 anos de emancipação político-administrativa de Criciúma, percebemos a necessidade de trazer à tona as histórias dos negros e da construção dos bairros que têm a predominância dessas famílias. A ideia é valorizar trajetórias e narrativas daqueles que constroem Criciúma, como pessoas que, de fato, contribuem com a cidade”, fala o professor e pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da Unesc, Douglas Vaz Franco.

Segundo Marciano Alves, a iniciativa de valorização da memória negra entregará o acervo do Museu Afro-Brasil-Sul (MabSul) e serão disponibilizados ao Centro de Memória e Documentação (Cedoc), da Unesc, além de integrar o Programa Municipal da Diversidade Étnico Racial (PMEDER). O material será exibido em espaços estratégicos, como a Sociedade Recreativa União Operária, a Unesc e o Centro Comunitário do bairro Cristo Redentor, que permitirão a imersão da comunidade nos temas abordados.

“O apoio de instituições culturais e educativas, como a Unesc, por meio do Neabi e o PMEDER, garante que o projeto tenha um impacto duradouro. Em um movimento de longo prazo, o projeto busca fortalecer o senso de pertencimento e autoestima da comunidade negra local ao promover orgulho renovado de suas raízes e legados”, ressalta.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *