Pela primeira vez em 50 anos, a coordenação do curso de Ciências Contábeis da Unesc é predominantemente feminina. Segundo a coordenadora Andréia Cittadin, o objetivo do evento foi demonstrar que, por meio de competência, dedicação e resiliência, os desafios são superados e as metas alcançadas. “Valorizar as conquistas das mulheres na contabilidade e em todas as áreas é essencial para inspirar as futuras gerações”, afirmou.
Com o mesmo intuito de valorização, na noite dessa segunda-feira (10/3), o curso realizou o evento “Contabilidade com Elas”, reunindo cerca de 230 estudantes no miniauditório do Bloco P da Universidade. A iniciativa contou com a presença de professores e da egressa Vanessa Mendes Da Agostin Resende, que compartilhou a trajetória profissional e incentivou os estudantes a persistirem nos seus sonhos. “Nada foi fácil, mas temos que persistir. Nunca percam a vontade de lutar”, destacou.
O encontro aconteceu de forma descontraída e reforçou o crescimento da presença feminina na área. Atualmente, 67% dos estudantes do curso de Ciências Contábeis da Unesc são mulheres. A coordenadora adjunta Milla Guimarães ressaltou a relevância desse avanço. “Quantas mulheres, há alguns anos, nem imaginavam que pudessem votar ou ocupar cargos de liderança? A contabilidade é uma ciência social aplicada, e todas as nossas ações afetam muitas pessoas”, enfatizou a coordenadora.
A egressa do curso, Vanessa Mendes Da Agostin Resende, deixou uma mensagem inspiradora aos estudantes. “Estou muito feliz em estar aqui com vocês, contando minha história. Nada foi fácil, mas é preciso persistir. Nunca deixem de sonhar e lutar pelos seus objetivos”, destacou.
A evolução da presença feminina na contabilidade
A contabilidade, que por muito tempo foi uma profissão predominantemente masculina, tem vivenciado uma transformação significativa. Atualmente, 44% dos profissionais da área em Santa Catarina são mulheres. No Brasil esse percentual é de 43%.
Nos últimos anos, as mulheres também conquistaram espaço no comando de instituições representativas da classe, ocupando a presidência do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e, nas duas últimas gestões, do Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina. “Quando estudei, só tinha professores homens. Isso foi há 20 anos. Nossa representação era muito pequena, mas hoje estamos inseridas nas mais diversas áreas da contabilidade: financeira, gerencial, tributária e jurídica”, explicou Andréia. 
A primeira mulher a obter o registro de contadora no Brasil foi Eny Pimenta de Moraes, em 1947, um ano após a criação do CFC. Em 1980, apenas 20% dos profissionais da área eram mulheres. Nos anos 2000, esse percentual subiu para 31%, e atualmente, o número chega a 45% em nível nacional e estadual.
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados. Andréia destacou a necessidade de ampliar a discussão sobre igualdade de gênero, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). “A mulher contadora ainda tem um longo caminho a percorrer e muitas barreiras a superar, como a desigualdade salarial em relação aos colegas homens, mesmo quando a demanda por profissionais mulheres é alta”, afirmou.
Ela também ressaltou a dupla jornada enfrentada por muitas mulheres, que equilibram a carreira profissional com as responsabilidades domésticas e familiares. “Historicamente, nos foi atribuído o papel de cuidadoras, e muitas se sentem na obrigação de executar essas tarefas com perfeição. É preciso que essa realidade mude”, finalizou a coordenadora.
