Este sábado, dia 18 de janeiro de 2025, mais do que um dia de verão, é celebrado o Dia da Universidade, data que convida à reflexão sobre o papel fundamental dessas instituições na transformação do cenário educacional, social e econômico. Embora os termos “universidade”, “faculdade” e “centro universitário” sejam habitualmente confundidos, cada um tem sua definição e propósito distintos. Neste dia, a Unesc apresenta os olhares institucionais voltados e preparados para o futuro.
Apesar de muitas dúvidas sobre os termos corretos que definem as instituições de ensino, há diferenças significativas e o termo “Universidade”, por si só, representa um nível elevado da Instituição. A Unesc, por exemplo, se destaca como Universidade por integrar de forma estruturada e interdependente os pilares de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação, criando um ecossistema acadêmico que vai além dos limites da sala de aula e se conecta diretamente com as demandas da sociedade. Ela é a única da região que pode ser denominada desta forma.
Esse modelo se torna ainda mais relevante em um cenário de rápidas transformações, impulsionadas por avanços tecnológicos e mudanças sociais e econômicas mundiais. O Ensino Superior vive um momento de reinvenção, sendo desafiado a se adaptar a uma realidade que exige inovação constante. Nesse sentido, especialistas como Peter Ewell, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e os brasileiros Dilvo Ristoff e Vitor Meyer Junior têm ampliado a discussão sobre como as universidades podem se adaptar e liderar nessa nova realidade.
Impacto Social e cidadãos prontos para transformações
Para a reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta, o futuro das instituições está na integração de suas funções essenciais. “O Ensino, a Pesquisa, a Extensão e a Inovação precisam atuar como uma rede interdependente. Só assim as universidades poderão potencializar seu impacto social e formar cidadãos prontos para transformar o mundo”, pontuou, informando ainda que a Unesco tem enfatizado que a universidade do futuro será definida pela integração entre esses pilares, impulsionando a produção de conhecimento e a transformação social.
Luciane acredita que o ambiente híbrido – no qual o digital e o presencial coexistem – será uma característica marcante do futuro. “A flexibilização curricular, viabilizada pela tecnologia, permitirá a criação de trajetórias personalizadas de aprendizagem. Isso permitirá que os estudantes combinem disciplinas, projetos e experiências práticas alinhadas às suas aspirações, integrando o conhecimento acadêmico à prática cotidiana e às demandas do mercado”, afirmou.
Extensão Universitária: transformando comunidades
No Brasil, a curricularização da Extensão surge como um elemento estratégico para fortalecer o impacto das universidades na sociedade. Desde sua criação, como Fundação Educacional de Criciúma (Fucri), a Unesc tem se destacado pela sua essência comunitária, conectada a este eixo. “A Extensão é a dimensão acadêmica que demarca nossa relação com a sociedade. Nossa trajetória já nasceu conectada a este contexto, pois foi a própria comunidade que nos originou”, relembra a reitora. “Projetos de Extensão, integrados ao Ensino e à Pesquisa, tornam a aprendizagem mais significativa, ao mesmo tempo em que criam soluções para problemas reais da comunidade”, completou.
No ano passado, a Unesc beneficiou quase 11 mil pessoas por meio de suas ações de Extensão. Com mais de 200 projetos em andamento e a participação ativa de 290 acadêmicos bolsistas, a Universidade Comunitária continua a ser um elo vital entre o conhecimento acadêmico e as necessidades das comunidades do Sul de Santa Catarina.
O Papel transformador da Inteligência Artificial (IA) no Ensino Superior
A inteligência artificial (IA) está desempenhando um papel crescente na redefinição das universidades, impactando diversos aspectos do Ensino Superior. Em três frentes principais, conforme o o professor doutor da Unesc, Thiago Francisco, coordenador do Setor de Avaliação Institucional (Seai), a IA já está transformando a maneira como as instituições operam e como o aprendizado é oferecido. Primeiramente, na personalização do aprendizado, a IA possibilita o uso de tutores virtuais e plataformas adaptativas, que ajudam os estudantes a superar dificuldades específicas, oferecendo conteúdos customizados e proporcionando uma experiência educacional mais eficiente e centrada nas necessidades individuais.
Na automação administrativa, conforme ele, a IA também traz benefícios significativos. “Desde o processo de matrículas até a análise do desempenho institucional, as ferramentas de IA permitem que os gestores se concentrem mais em decisões estratégicas e menos em tarefas operacionais, otimizando a gestão e a operação das instituições de Ensino Superior”, aponta.
Além disso, no campo da pesquisa científica, as tecnologias de IA estão acelerando descobertas ao analisar grandes volumes de dados, o que tem implicações positivas em diversas áreas do conhecimento, como saúde, energia e educação.
No entanto, a adoção da IA não está isenta de desafios. Questões éticas, como a privacidade de dados, o risco de exclusão digital e o impacto sobre os empregos na educação, são pontos que exigem uma reflexão cuidadosa. “O futuro da universidade exige equilíbrio entre tecnologia e valores humanos”, afirma Thiago, ressaltando a necessidade de integrar a inovação tecnológica com princípios éticos que garantam equidade e bem-estar social.
Avaliação Institucional: um alicerce para a qualidade
A garantia de qualidade é um desafio fundamental no Ensino Superior. Nesse contexto, a avaliação institucional desempenha um papel estratégico. No Brasil, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) oferece ferramentas para monitorar e aprimorar o desempenho das universidades.
“Uma cultura de avaliação bem estruturada não apenas responde a exigências regulatórias, mas também prepara as instituições para enfrentar os desafios futuros com mais eficiência”, explicou o professor.
Thiago destaca ainda que a Unesc convida, todos os anos, seus estudantes a participarem da avaliação do Ensino Superior. A iniciativa, conduzida pelo Seai, é um momento estratégico para ouvir as percepções dos envolvidos com o processo pedagógico e incorporar suas sugestões no planejamento e desenvolvimento das ações institucionais.
Francisco comenta que a avaliação vai além de um simples formulário: “Ela é um canal essencial para o diálogo entre a comunidade acadêmica e a gestão institucional, reforçando o compromisso com a excelência acadêmica e o contínuo aprimoramento da experiência educacional”, comentou ele.
Internacionalização: construindo cidadãos globais
Outro pilar essencial para a universidade do futuro é a Internacionalização. Parcerias com universidades estrangeiras, mobilidade acadêmica e projetos de pesquisa colaborativa são estratégias essenciais para fortalecer a internacionalização. Além disso, práticas como o uso de indicadores globais permitem que as instituições adaptem inovações de sucesso ao próprio contexto.
Em 2024, a Unesc formalizou seu primeiro Acordo de Cooperação Internacional para Dupla Diplomação/Titulação (Cotutela), que permite a obtenção simultânea de diplomas no Brasil e Portugal. Esse marco fortaleceu ainda mais a política de internacionalização da Universidade e ampliou as oportunidades para os estudantes.
A Unesc mantém 60 convênios com 50 instituições de 17 países, espalhados pelas Américas, Europa, África e Ásia. São parcerias que viabilizam projetos conjuntos, ampliação da pesquisa, mobilidade acadêmica e trocas culturais.
Tecnologia e humanização caminham juntos
Para a reitora, a universidade do futuro será marcada pela integração de seus pilares e pelo uso responsável da tecnologia, especialmente da inteligência artificial. “Essa nova era demandará das instituições não apenas flexibilidade e inovação curricular, mas também compromisso com valores como equidade, inclusão e sustentabilidade”.
“A Internacionalização, Avaliação Institucional e a Curricularização da Extensão são elementos que fortalecerão a relevância das universidades como agentes de transformação social. À medida que essas discussões avançam, o sucesso dependerá da capacidade das universidades de equilibrar tecnologia e humanização, formando cidadãos preparados para enfrentar os desafios de um mundo em constante mudança”, finalizou o professor.