“No encerramento da 14ª edição do Congresso Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia ficou evidente que a essência do evento foi mantida e valorizada. Desde sua concepção, há dois anos, o objetivo central foi a democratização do conhecimento e o respeito à diversidade biocultural. Esse compromisso se refletiu em cada detalhe do Congresso, que contou com a participação ativa das comunidades”. Essa foi a reflexão do presidente da comissão organizadora do Congresso, Carlyle Torres Bezerra de Menezes, na tarde desta quarta-feira (17/07), no Auditório Ruy Hülse, na Unesc.
Conforme ele, durante os quatro dias de evento, um aspecto particularmente marcante foi a forte presença e participação das comunidades tradicionais. “Esse enfoque permitiu que as vozes dos povos indígenas, quilombolas e outros grupos fossem ouvidas e respeitadas, enriquecendo o encontro com demandas e perspectivas únicas”, destacou o coordenador.
“A inclusão desses representantes em rodas de conversa e palestras proporcionou um espaço de troca genuína, no qual o conhecimento científico e os saberes tradicionais se encontraram e dialogaram. Essa abordagem inovadora foi elogiada por diversos conferencistas de outras regiões, que ressaltaram a importância de integrar a academia com as comunidades que estudam e servem”, comentou Menezes.
Ao final, agradecimentos especiais foram direcionados à comissão organizadora pelo empenho e à Universidade pelo apoio. “O evento não apenas cumpriu as metas, mas também reafirmou a importância de ouvir e valorizar as comunidades que, muitas vezes, estão na linha de frente das questões mais urgentes do nosso tempo”, finalizou o presidente da Comissão.
Para a pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação, Inovação e Extensão da Unesc, Gisele Coelho Lopes, foi um grande prazer receber o Congresso, apresentar o campus da Universidade aos visitantes dos mais variados lugares e construir coletivamente novos saberes sobre as temáticas abordadas. “É um grande privilégio para uma Universidade Comunitária receber um congresso que valoriza as políticas afirmativas para trabalhar as temáticas voltadas à questão quilombola e dos povos originários. É uma temática que representa a nossa causa. Esse encontro não somente oportuniza que os participantes reflitam sobre cada pauta e identifiquem oportunidades para melhorarmos por meio das nossas pesquisas, as proposições para projetos, para novas políticas públicas, para artigos científicos, além das novas soluções para melhorar o ambiente de vida das pessoas”, enfatiza.
Premiações
Ainda durante o encerramento do Congresso, foram realizadas premiações de trabalhos científicos da graduação, mestrado e doutorado. Uma carta de intenções com as demandas dos povos originários também será elaborada pelos participantes e levada ao conhecimento dos órgãos públicos, juntamente com uma moção de apoio aos Povos dos Peraus, do Parque Nacional Aparados da Serra.
O autodenominado Povo dos Peraus é uma comunidade que resiste para manter a própria identidade, modo de vida e território tradicional, fatores diretamente responsáveis pela conservação da paisagem e das características da região ao longo do tempo.
Trabalho coletivo
Com o tema central “Diversidade Biocultural: Aquilombar, Aldear e Reflorestar a Vida”, o Congresso foi organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) da Universidade, em colaboração com a Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia (SBEE) e grupos de pesquisa das Universidades Federais de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
O evento destacou ainda a importância da diversidade sociocultural e a contextualização das fronteiras territoriais, geopolíticas, hídricas, culturais e da biodiversidade para a comunidade acadêmica, governo e sociedade civil.
Eixos temáticos
O Congresso foi dividido em diversos eixos temáticos, como: povos e comunidades tradicionais, territórios e mudanças climáticas; soberania alimentar, sistemas agrícolas tradicionais e agroecologia; manejo e conservação da biodiversidade: diálogos de saberes e experiências; conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade: estratégias de proteção e salvaguarda; biodiversidade, cosmologias e medicinas tradicionais; gênero, diversidade e etnoecologia; políticas públicas, povos e comunidades tradicionais; entre outros.
Paralelamente ao evento, ocorreu uma feira agroecológica e de produção artesanal de povos e comunidades tradicionais, com espaços de divulgação de instituições e empresas públicas e privadas de pesquisa básica e aplicada, voltadas para a produção de bens e serviços no campo da sociobiodiversidade.
O 15º Congresso será realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).