Professores, mestrandos e doutorados da Unesc participaram na tarde desta quinta-feira (27/06) do segundo dia do Seminário Integrado para o Fortalecimento dos Programas de Pós-graduação (Sifop) na Unesc. O professor Jorge Luis Nicolas Audy concluiu a palestra do dia abordando temas sobre inovação e pós-graduação.
“A inovação no contexto da pós-graduação deve ser caracterizada em um nível superior. O antigo normal já era exponencial, e o novo normal é ‘fígital’”, afirmou, destacando ainda a importância de a Universidade se adaptar às novas realidades, considerando isso fundamental.
“Estamos à beira de um novo paradigma na área da educação, impulsionado por inovações disruptivas e com forte impacto das novas tecnologias, ambientes de aprendizagem e pesquisa. O desafio a ser superado é a busca por uma nova educação para uma nova sociedade, adequada aos tempos atuais”, disse Audy.
“Ainda não parece muito claro o que vai acontecer no futuro, mas certamente não será o que está acontecendo hoje”, complementou. Audy ressaltou a evolução da missão da Universidade, que vai além do foco tradicional em formação e capacitação, em Ensino e Pesquisa, passando a incluir a atuação direta no processo de desenvolvimento econômico, cultural e social da sociedade.
Para ele, a inovação é a aplicação efetiva de novas ideias em um determinado contexto, gerando valor agregado. “Não necessariamente envolve tecnologia, mas sempre envolve criatividade. A inovação ocorre em todas as áreas. O inovador é aquele que faz, que transforma o mundo ou o processo, que torna o impossível possível. Inovação desacomoda e quebra regras”, disse. Ele mencionou ainda os três Cs da Inovação: conhecimento, criatividade e coragem.
Startups que nasceram dentro de uma universidade
Para o professor Jorge, uma startup não é uma empresa pequena, é um conceito diferente de transformar conhecimento em negócio. Conforme ele, das 10 maiores empresas do mundo hoje, oito nasceram como startup e dentro de uma universidade. As cinco primeiras startups, como Google, Apple, Microsoft, e Metacafe, e Amazon, por exemplo, nasceram dentro de um parque tecnológico dentro de uma Instituição de Ensino Superior.
“Inovação deve ser uma expressão da pesquisa institucional. Em uma universidade de pesquisa de classe mundial, a pesquisa de ponta nas diferentes áreas ocorre no contexto dos seus programas de pós-graduação stricto sensu”.
Audy é superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc e membro do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCT) da Presidência da República. As professoras da Unesc Sabrina Arcaro e Samira Valvassori mediaram a palestra.
Ele é membro de diversos Conselhos, como o Conselho de Diretores Internacionais da IASP (Associação Internacional de Parques Científicos e Áreas de Inovação), Conselho de Diretores do Parque Científico e Tecnológico do Qatar (Qatar Foundation, Doha), Conselho Superior do Parque Científico de Inovação Social da Universidade UNIMINUTO (Colômbia), Conselho Consultivo do Parque Tecnológico do Bio-Bio (Universidade de Concepción, Chile), Conselho de Diretores da Triple Helix Association (THA, Stanford, USA), Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae.
Rico debate da Universidade
A Assessora Acadêmica da Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu da Unesc e coordenadora do Seminário, Merisandra Cortês de Mattos, ressaltou a importância desse debate na Universidade. Ela mencionou que temas como avaliação e perspectivas para a pós-graduação, políticas, estratégias e ações afirmativas voltadas para a área, além da inserção social e do impacto das pesquisas, internacionalização, proximidade com o setor produtivo e transferência de conhecimento foram fundamentais para manter a excelência dos programas na instituição.
“Espero que a discussão tenha sido produtiva para implementar essas ideias, destacando que já estão avançados em várias questões”, comentou.
Ecossistemas de Inovação e a pós-graduação Stricto Sensu em debate da Unesc
O gestor executivo do parque tecnológico São Leopoldo Tecnosinos e de Tecnologia e Inovação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Sílvio Bitencourt da Silva, em palestra também na tarde desta quinta-feira (27/06), abordou a relação dos ecossistemas de inovação com os programas de pós-graduação stricto sensu.
“O nexo ou o que esperamos explorar é como os programas de pós-graduação stricto sensu encontram o mundo real, ou seja, ciência transformada para a prática”, disse o docente.
A partir daí o palestrante explorou questões como legislação aplicável, ecossistemas de inovação, ambientes promotores de inovação, sistema nacional de ciência e tecnologia, e discutiu o impacto e o tipo de impacto que o programa pode alcançar.
Ele apontou algumas estratégias possíveis, especialmente no período pós-pandemia, como as estratégias de ciência aberta e de inovação aberta, como o compartilhamento de dados e materiais, bem como abordagens de inovação aberta em ciência para traduzir a ciência em prática e usou o exemplo de relações universidade-indústria e empreendedorismo acadêmico.
“Cada vez mais vivemos no que chamamos de economia do conhecimento, e este conhecimento pode ser bem disseminado e ensinado, mas os programas de pós-graduação são a baliza necessária para produzir conhecimento útil para o enfrentamento dos grandes desafios que temos, como desigualdade e mudanças climáticas”, mencionou.
Segundo ele, os programas de pós-graduação como da Unesc, preocupados em discutir a si mesmo para que se torne mais efetivos e mais impactantes, fazem todo sentido. “A Unesc tem como característica essencial ser comunitária e valoriza muito isso. É uma Universidade que não tem muros, faz parte da comunidade e interage com ela”, pontuou. Os professores da Unesc Melissa Watanabe e Kristian Madeira, mediaram a palestra.
Sobre o evento
O Seminário Integrado para o Fortalecimento dos Programas de Pós-Graduação da Unesc foi um evento voltado aos cursos de mestrado e doutorado da Universidade do Extremo Sul Catarinense.
O evento objetivou fomentar o debate acerca das diretrizes e das experiências relacionadas aos programas de pós-graduação stricto sensu para a sua qualificação e desenvolvimento alinhado às necessidades regionais e nacionais.
A iniciativa teve o apoio da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado Santa Catarina (Fapesc) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
