A Unesc enfatiza a relevância de ações que promovem a formação de professores capacitados e reafirma o papel na educação do estado por meio do curso de licenciatura em Química, recentemente avaliado com nota 4 pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Uma dessas ações foi a realização de uma roda de conversa na noite de sexta-feira (21/06), como parte da semana acadêmica planejada desde o segundo semestre do ano anterior, e em celebração ao dia do Químico, ocorrido em 18 de junho.
Os professores licenciados em Química, José Luiz Westrup, Rodrigo Goulart e Victor Augusto Bianchetti Rodrigues, foram selecionados para o diálogo com base nos currículos e práticas desenvolvidas. A temática abordada incluiu as experiências pessoais, trajetórias profissionais e perspectivas como pesquisadores e docentes.
A coordenadora do curso de licenciatura em Química e mediadora da roda de conversa, Normélia Ondina Lalau de Farias, salienta que o encontro tem como objetivo apresentar a disciplina de forma mais acessível e interessante. “No encontro, os convidados discutem a desconstrução do medo comum em relação à Química, além de compartilharem experiências que enfatizam tanto os aspectos positivos quanto os desafios da profissão”, citou Normélia.
“Alguns estudantes já estão imersos na fase do estágio obrigatório, na qual vivenciam a prática docente diretamente em sala de aula, e participam ativamente do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). O projeto tem desempenhado um papel fundamental ao aproximar os estudantes da realidade do ensino, e permite que apliquem na prática o conhecimento adquirido na Universidade”, acrescentou.
A recente criação do curso de licenciatura em Química foi impulsionada por um edital governamental em 2021, que levou a Instituição a desenvolver uma proposta robusta e implementar a formação no segundo semestre do mesmo ano, na qual respondia à crescente demanda do Estado por professores especializados na área. Atualmente, os estudantes estão na sexta fase de formação.
Professor José Luiz Westrup: Uma carreira dedicada à Química e educação
O professor de licenciatura em Química e funcionário da Casan de Santa Catarina, José Luiz Westrup, possui vasta experiência em análises, química analítica, pesquisa e desenvolvimento, instrumentação química, saneamento, prestação de serviços e consultoria. Também é sócio da DW Consultoria & Soluções em Química e trabalha nos laboratórios da Casan, focado na análise de efluentes e águas.
Durante a conversa, Luiz relatou que, antigamente, as salas de aula de Química eram frequentadas por um grande número de estudantes, porém houve uma redução no interesse pela área das exatas nos dias atuais. “A profissão de professor de Química é muito bonita, mas lecionar requer vocação, paciência e dedicação, já que cada pessoa tem uma maneira única de aprender. O professor precisa se moldar às necessidades de cada um”, explicou.
“A falta de valorização da profissão de professor, tanto por parte do governo quanto da sociedade em geral, contribui para a carência de docentes na área de Química. A defasagem de professores e o desinteresse governamental em valorizar a profissão são grandes desafios”, considerou.
Professor Rodrigo Goulart: Uma jornada de sucesso na Licenciatura em Química
O professor licenciado em Química Rodrigo Goulart, com doutorado pela Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS), atualmente leciona na Instituição Iparque da Unesc. O docente enfatiza que a licenciatura não restringe a carreira de um profissional. “A maioria dos colegas que fizeram doutorado trabalham na indústria, na área de pesquisa. A licenciatura em Química não impede a busca por outras oportunidades e é um curso assertivo e correto”, pontuou Rodrigo durante o diálogo.
O professor iniciou aos 17 anos na Universidade e revelou que acreditava que a profissão de professor limitaria a trajetória profissional. “Durante a formação, descobri inúmeras possibilidades dentro da área da Química. A iniciação científica no laboratório de ciências orgânicas marcou o início da minha carreira. Eu consegui conciliar projetos de pesquisa com a docência, e iniciei os estágios obrigatórios já no segundo semestre do curso”, citou.
“Os estágios foram fundamentais, e proporcionaram a responsabilidade necessária para eu me tornar um professor competente. Hoje, oriento alguns estudantes, e a licenciatura nos ensina a lecionar com qualidade e a tratar as pessoas com respeito, pois cada ser humano é diferente, e a compreensão dessa realidade é fundamental”, afirmou o professor.
Victor Augusto Bianchetti Rodrigues: Promovendo a justiça social por meio da Educação Científica
O professor licenciado Victor Augusto Bianchetti Rodrigues, é doutor em Educação Científica e Tecnológica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), licenciado em Química e mestre em Educação com foco no Ensino de Ciências pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e técnico em Química pelo Colégio Técnico da mesma Instituição.
Victor se dedica às pesquisas em Educação Científica e Tecnológica, decolonialidade e Formação de Professores, e atualmente é professor efetivo do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), vinculado à coordenadoria do curso de Licenciatura em Química.
Rodrigues sempre teve como objetivo ser professor, inspirado por exemplos familiares e pelo desejo de promover justiça social. “Iniciei minha trajetória com um curso técnico em Química, o que me deu uma base sólida antes de entrar na licenciatura. No entanto, a falta de relação entre a química analítica e a justiça social inicialmente me frustrou”, expressou o professor.
Impacto do Pibid na formação de professores
Augusto salienta que o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), foi um divisor de águas na formação. O Pibid oferece bolsas de iniciação à docência aos estudantes de cursos presenciais que se dediquem ao estágio nas escolas públicas e que, quando graduados, se comprometam com o exercício do magistério na rede pública.
“O Programa me proporcionou contato com teorias pedagógicas e psicologia da educação, me ajudou a enxergar a importância de uma educação científica significativa e não apenas transmissiva. Eu concluí a licenciatura e continuei os estudos no mestrado em Educação, motivado pelas oportunidades e reflexões proporcionadas pelo Projeto”, salientou Rodrigues.
Por meio da pesquisa, Victor Augusto começou a explorar a decolonialidade, um movimento que busca abordar problemas locais sem a perspectiva colonial, e promove a ideia da necessidade de uma educação que questione práticas prejudiciais e promova a equidade.
“Uma educação crítica em Química pode contribuir para um Brasil mais justo. Durante as aulas se pode formar um espaço para desconstruir ideias errôneas sobre superioridade racial e genética. Pois todos os seres humanos devem ser tratados igualmente”, acrescentou Augusto.