Para assinalar o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, a Câmara de Vereadores de Criciúma promoveu uma tribuna livre como parte da sessão ordinária desta terça-feira (21/9) com a participação de representantes do Centro Especializado em Reabilitação (CER) da Unesc. “Nada melhor para enfatizar essa luta do que receber quem presta esse atendimento com tanta excelência”, defendeu a vereadora Giovana Mondardo, autora do convite e também da Moção de Aplauso, cuja concessão foi aprovada pelo Legislativo e a entrega ocorrerá nos próximos dias.
A coordenadora do CER, professora Mágada Tessmann, explicou aos vereadores que o serviço tem foco em pacientes com deficiência física aguda e diagnóstico de deficiências intelectuais. “Contamos com uma grande equipe de assistentes sociais, cirurgiã dentista, fisioterapeutas, farmacêuticos, enfermeiros, fonoaudiólogos, neurologista, ortopedista, psicólogos, técnico de enfermagem, terapeutas ocupacionais, residentes profissionais, pessoal da secretaria, permitindo um amplo atendimento a 28 municípios do Sul de Santa Catarina”, informou.
Mágada pontuou o empenho da Unesc para que o CER opere plenamente. “Nós recebemos, pelo convênio com o SUS, recursos do Ministério da Saúde, via prefeitura, mas por vezes esse recurso não chega e, mesmo assim, a Unesc não deixa de atender os pacientes”, observou. Ela lembrou que a reitora Luciane Bisognin Ceretta participou ativamente da instalação do CER, em 2014. “Na ocasião ela era pró-reitora e sempre foi uma grande incentivadora, e assim segue sendo agora, com um olhar muito especial da gestão da Universidade para a comunidade e a saúde”, sublinhou.
O CER foi habilitado pelo Ministério da Saúde em dezembro de 2013 e passou a atuar no ano seguinte. “O CER é um local onde devolvemos a vida e os sonhos das pessoas”, comentou. “Atendemos duas áreas, as deficiências físicas, sequelas de trauma, lesão medular, sequela de acidente encefálico, amputações, traumatismo crânio encefálicos, síndromes genéticas, doenças neuromusculares, paralisa cerebral, paralisia infantil, neuropatias, deficiências congênitas adquiridas, ostomizados e outros, e na deficiência intelectual atendemos pessoas com até 16 anos, da deficiência leve à moderada e o transtorno do espectro autista”, explicou.
A professora lembrou que, com uma ampla equipe, é possível realizar avaliações globais dos pacientes sob múltiplos olhares. “O que nos faz errar menos”, argumentou. “A partir disso, é construído o projeto terapêutico singular, com a participação da equipe, família e paciente”, detalhou. “Fazemos os atendimentos individualizados, conforme a necessidade, mas também em grupos”, emendou Mágada.
Neste ano, mais de 6,6 mil atendimentos
O CER Unesc realizou, ao longo de 2020, 5.872 atendimentos, um número inferior ao de 2019, quando foram 13.953 registros. “Naturalmente isso aconteceu por causa da pandemia, das restrições que vivemos”, explicou a coordenadora. Neste ano, o número de atendimentos de janeiro a agosto já foi superior ao total de 2020. “Até agora, já desenvolvemos 6.693 atendimentos, mesmo sob a pandemia”, informou.
Mágada lembrou que o CER proporciona momentos de alegria ímpares, quando curas e reabilitações são alcançadas. “Crianças que não tinham condições de andar e são trabalhadas no pediasuit, e dão os primeiros passos. Isso é muito emocionante. Teve um senhor que gostava de tocar violão, mas perdeu o movimento das mãos, e agora está recuperando e voltando a tocar. Também é muito gratificante”, relatou.
O neurologista Eraldo Berlamino Júnior, que é professor do curso de Medicina e atua no CER Unesc, participou do encontro na Câmara e pontuou a importância de as pessoas procurarem os serviços de reabilitação rapidamente, quando necessário. “Temos que fortalecer o CER na reabilitação de pacientes com AVC e vítimas de acidentes. Estamos com campanhas para lembrar que, quando mais precoce esse paciente chega, melhor vai ser a sua evolução”, sublinhou.
A vereadora Geovana Benedet Zanette questionou os representantes do CER sobre a disponibilidade do teste wisc, que é importante para medir a capacidade neurológica de crianças e adolescentes. “Nós, professores, muitas vezes notamos na escola questões que os pais não notam, daí esses testes são importantes para dar um diagnóstico”, comentou. A parlamentar citou que há uma longa fila de espera, atualmente com ao menos 80 estudantes, e indagou se o CER presta o serviço. “Com certeza. É um teste muito importante para detectar deficiências intelectuais, que colabora com o trabalho de professores, que conseguem orientar melhor a família. Fazemos o teste, temos psicólogas capacitadas para isso, é gratuito e faz parte do Viver SUS”, respondeu Eraldo Belarmino. “E vamos além. No CER fazemos o wisc, acompanhamos a criança e, depois do teste feito, caso necessário, avançamos nas avaliações”, finalizou Mágada.