Pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) participaram, nesta quinta-feira (21/03), do primeiro encontro do grupo de apoio aos responsáveis por crianças diagnosticadas com TEA, que são atendidas no Centro Especializado em Reabilitação (CER II) da Universidade. O evento ocorreu na Instituição e contou com a palestra da nutricionista convidada, Isadora Marcello.
Para este primeiro encontro, a nutricionista do CER, Daniele Botelho, em conjunto com a coordenadora das Clínicas Integradas da Universidade, Carine Cardoso, convidaram Isadora, que é especialista, para abordar a nutrição para crianças com TEA.
“Os encontros no CER serão semanais e multidisciplinares, ou seja, a cada encontro, um tema e um profissional diferente serão apresentados, de acordo com as demandas dos pacientes atendidos pelo Centro. Neste primeiro, identificamos esta demanda e trouxemos a profissional para um diálogo com os pais sobre a nutrição para crianças com o TEA”, explicou Daniele, ressaltando que a equipe foi formada em resposta direta às necessidades dos pacientes atendidos no CER.
“Identificamos a necessidade de oferecer suporte específico aos pais de crianças autistas e unimos esforços para criar este grupo. Nossa missão é proporcionar um ambiente de apoio e troca de experiências, visando atender às necessidades das famílias cujas crianças frequentam o CER”, comentou Daniele. As reuniões estão programadas inicialmente para as quintas-feiras às 9h.
Protocolos
Conforme a palestrante, a abordagem nutricional para o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não possui protocolos, mas é urgente que haja a otimização e correção alimentar individualizada com base na clínica, exames laboratoriais, nas metanálises e revisões sistemáticas que evidenciam os diversos mecanismos bioquímicos e metabólicos que impactam no sistema neurológico e consequentemente em muitos sintomas do autismo.
Isadora, especialista no atendimento de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ressalta a importância crucial de reconhecer o papel da nutrição na vida desses indivíduos. “Embora não exista uma dieta padronizada, é fundamental individualizar a abordagem nutricional para cada pessoa afetada pelo TEA. Entender as peculiaridades e necessidades desses pacientes é imprescindível para oferecer suporte nutricional eficaz”, enfatiza.
Segundo Isadora, é necessário buscar conhecimento sobre as interações entre o autismo e a nutrição, compreendendo as complexidades envolvidas. Ela ressalta que estudos indicam cada vez mais a importância da terapia nutricional no TEA, considerando os fatores genéticos e ambientais envolvidos na condição.
“No contexto do tratamento do TEA, que inclui terapia comportamental, psicoterapia, fonoterapia e terapia ocupacional, a nutrição desempenha um papel cada vez mais relevante. Devemos considerar não apenas a relação entre o intestino e o autismo, mas também a conexão intestino-cérebro, dada a natureza neurológica do TEA”, ressalta Isadora.
Ela destaca que pacientes com TEA frequentemente apresentam uma microbiota intestinal diferenciada, com sintomas gastrointestinais comuns, como diarreia, constipação e desconforto abdominal. A seletividade alimentar, caracterizada por preferências restritas e comportamentos específicos em relação à comida, é também prevalente nesses pacientes.
“A nutrição desempenha um papel fundamental na abordagem da seletividade alimentar, auxiliando na identificação das causas subjacentes, deficiências nutricionais e na determinação de suplementos necessários para corrigir essas deficiências”, sublinha a profissional.
“Sempre que realizamos algo com amor, temos mais chances de alcançar o sucesso. É importante dedicar tempo e esforço para encontrar estratégias adequadas e fazer adaptações com carinho. Mostrar aos nossos filhos que são capazes é essencial para fortalecer sua confiança e autoestima”, comentou a psicóloga, Tatiane Macarini, que participou do encontro.