A presença, a importância e a relevância em números da presença das mulheres nos espaços de pesquisa no Brasil e em nível nacional foram tema de uma mesa redonda na tarde desta sexta-feira (27/10) na Unesc, atividade que integrou a 14ª Semana de Ciência e Tecnologia (SCT) da Universidade.
A mesa redonda foi composta pelas professoras doutoras Samira Da Silva Valvassori, Sabrina Arcaro, Michele Gonçalves Cardoso e Giovana Ilka Jacinto Salvaro, sob mediação da professora doutora Jaqueline Generoso.
Aberto oficialmente pelo diretor de Pesquisa e Pós-graduação, Ismael Gonçalves Alves, o encontro foi marcado por profundas reflexões em torno da temática: mulheres e ciência. “A ideia do evento de hoje foi justamente compreender o espaço que essas pesquisadoras ocupam e reconhecer o impacto da atuação das mulheres na ciência, afim de pensarmos coletivamente em como construir um espaço de equidade entre homens e mulheres na pesquisa dentro e fora da nossa Universidade”, pontuou Isamel.
A proposta de debate foi abraçada pelas participantes de forma que cada uma delas contribuiu com reflexões em torna da participação feminina na ciência de forma globalizada e ainda nas áreas e suas especificidades.
Samira apresentou ao público números que demonstram a baixa participação de mulheres na pesquisa em todo o mundo, fato que se comprova, conforme ela, com apenas 64 mulheres com trabalhos reconhecidos no Prêmio Nobel, que já premiou 901 pessoas no total.
“Para mudar este cenário precisamos desenvolver políticas de incentivo a mulheres em cargos de liderança no meio científico; promover prêmios, assim como a nossa Universidade já está fazendo; contar com filmes, desenhos animados, páginas em redes sociais e mostrar mulheres cientistas na imprensa. Todas essas são ferramentas para a desconstrução do viés de gênero na ciência”, opinou Samira, que evidenciou o fato de amar a profissão e exercê-la com orgulho.
Sabrina Arcaro, ao demonstrar os números da presença feminina na área das engenharias, evidenciou um cenário ainda mais preocupante. Para ela, ser apontada como inspiração e poder incentivar alunas a mergulharem no universo da ciência é um grande presente.
“Eu não tive professoras mulheres na pós-graduação. Não tinha em quem me inspirar. Isso faz com que hoje seja ainda mais especial ver nessas minhas ‘filhas na pesquisa’ a admiração pelo trabalho que fazemos e a vontade em seguir no mesmo caminho”, apontou.
Para Michele, uma das questões que precisa estar em pauta quando se fala neste assunto é o investimento em pesquisa para todas as áreas. “Que bom que a SCT, mesmo com uma agenda tão intensa, conseguiu encontrar esse tempinho para abordar esse assunto e conhecer um pouco mais sobre as mulheres pesquisadoras da nossa Universidade”, destacou ao relacionar uma série de questões importantes para a área das humanidades e para a ciência de forma geral.
Finalizando as contribuições, Giovana Salvaro, pesquisadora em torna da temática de gênero, levantou questões que se encaixam a tudo aquilo que as colegas citaram ao longo da mesa redonda.
“Nós nos questionamos sobre onde as mulheres estão nestes gráficos que mostram a presença masculina com tamanha diferença na participação na ciência. Eu digo que as mulheres estão fazendo o trabalho que ninguém quer fazer, especialmente no cuidado ao outro e no serviço doméstico”, salientou.
A mesa redonda antecedeu a entrega do prêmio Mulheres na Ciência e encerramento oficial da Semana de Ciência e Tecnologia 2023.