Para contribuir com o debate sobre o tema “Ciência básica para o desenvolvimento sustentável”, da 14ª Semana de Ciência e Tecnologia da Unesc, o Museu de Zoologia Morgana Cirimbelli Gaidzinski, promove o sexto Ciclo de Palestras.
O assunto que norteou a apresentação foi “Do micro ao macro: impactos no ambiente e nos organismos. Consumo, pegada ecológica e limites planetários”, do professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), David Valença Dantas, que alerta para a importância da preservação dos mares, com a conscientização sobre o descarte correto do lixo, principalmente os que têm como matéria prima o polipropileno, popularmente conhecido como plástico.
“Abordo o universo que pesquisamos, desde os das menores partículas, chamadas de microplástico, até os maiores, que é o macroplástico. O objetivo é mostrar como esse tipo de contaminação tem afetado não só os ambientes, mas os organismos aquáticos de maneira geral, tanto de ecossistemas marinhos, quanto de ecossistemas de água doce. A poluição marinha é um problema mundial, que reflete a nossa forma de consumo e da quantidade de resíduos que é gerado”, comentou.
A coordenadora do Museu, Morgana Cerimbelli Gaidzinski, avaliou a palestra muito edificante e de extrema importância, principalmente na atual conjuntura. “Nossos oceanos estão fragilizados e desprotegidos. Nós que trabalhamos com animais marinhos, é comum encontrar resíduos plásticos nos estômagos dos peixes, tartarugas e aves. Ao longo desses anos, o Museu tem experimentado e vivenciado situações bastante tristes em relação à fauna marinha. Geralmente quando esses animais dos oceanos chegam até o nosso laboratório, constatamos que esses registros não estão apenas na teoria, nos livros, nos artigos, mas no cotidiano, infelizmente é uma realidade a presença do lixo nas mais diversas espécies”, relatou.
Consequências
Segundo o palestrante, a intenção é apresentar o problema, que os pesquisadores entendem muito bem e quais são as futuras consequências. “Dependendo do tipo de plástico, porque ele varia muito com relação à composição polimérica, tem um tipo de durabilidade e decomposição. No mar, encontramos material que com o tempo vai se fragmentando, e se transforma em um grande problema, pois fica invisível aos nossos olhos. Viram partículas muito pequenas e continuam sendo contaminantes”. explicou.
Decomposição demorada
Segundo o estudioso, há plásticos que demoram até 100 anos para se decompor. “Já temos registros, por exemplo, de encontrar plásticos em uma rocha sedimentar, além dos demais minerais. Além disso, o plástico é uma superfície, e a estrutura vai ser colonizada por bactérias, microalgas e outros organismos que liberam enzimas, cheiros que atraem alguns animais menores, que são presas de animais maiores e assim toda a cadeia alimentar acaba se contaminando”, concluiu.
Educação
Para a professora, só a educação pode diminuir a poluição ambiental marinha. “Por meio da promoção da educação ambiental, de uma conscientização das novas gerações, para que essa realidade seja mudada, para que o nosso mar não se torne um depósito de lixo”, encerrou.
A acadêmica da nona fase do curso de Ciências Biológicas, Natália Monteiro André, salientou que a palestra foi interessante. “Pensar sobre o microplástico, o nosso posicionamento às políticas públicas e principalmente o nosso condicionamento individual; O temos feito e quais as nossas atitudes que estão contribuindo para essa situação. É uma oportunidade para entender que não é só sobre ecologia, mas sobre o social também, sobre a desigualdade social e trazer esse equilíbrio para que as pessoas possam pensar melhor no meio ambiente”, avaliou.