A manhã desta sexta-feira (22/11) foi marcada pela 1ª edição do evento “Reestruturação Empresarial em Debate – Soluções Para Crise”, realizado na Associação Empresarial de Criciúma (Acic). Em parceria com o curso de Ciências Contábeis da Unesc e o escritório FN&C Advogados, o encontro reuniu egressos, empresários e especialistas que destacaram temas como Recuperação Judicial, Recuperação Extrajudicial e Mediação de Antecedentes.
Entre os palestrantes, estava o advogado especialista em recuperação de empresas, administração judicial e sócio da FN&C Advogados, Cristiano Antunes Rech; o administrador judicial, advogado e sócio da Gladius Consultoria, Agenor Daufenbach Júnior; e com o contador e consultor de empresas, Valcir Mantovani.
Para a coordenadora do curso de Ciências Contábeis da Unesc, Andréia Cittadin, o evento reforça a importância da conexão entre a Universidade e o mundo do trabalho. “Durante o debate, enfatizamos o papel fundamental do advogado e do contador nesse processo e como essas áreas podem trabalhar juntas para garantir a continuidade das empresas”, disse.
“Como Universidade Comunitária, também temos a responsabilidade social de contribuir com a gestão financeira das empresas e o planejamento estratégico de longo prazo das organizações, identificando as causas das crises e promovendo soluções. O evento também incentiva uma reflexão sobre melhorias em nossa prática educativa”, acrescentou.
Nova oportunidade
Na próxima semana, os estudantes do curso terão a oportunidade de participar de uma palestra, que abordará o tema na disciplina de Contabilidade e Direito Empresarial. Para o sócio da FN&C Advogados, Cristiano Antunes Rech, o diálogo ressalta a importância de unir esforços para avaliar a saúde da empresa, seja ela financeiramente estável ou enfrentando crises.
“Uma empresa não é apenas o sonho de um empresário ou uma propriedade privada, mas sim um ativo de grande função social. Ela gera riquezas, movimenta bens e serviços, cria empregos e impulsiona a economia. Nesse cenário, a atuação conjunta entre profissionais de contabilidade e direito é fundamental para orientar e ajudar o empresário a conduzir e melhorar suas atividades”, comentou.
Conforme Rech, a contabilidade é uma ferramenta essencial para a gestão, tomada de decisões e solução de problemas. Assim como uma pessoa saudável pode adoecer, uma empresa também pode enfrentar dificuldades, sejam elas internas ou externas, como crises setoriais.
“A recuperação e gestão de crises exigem uma abordagem multidisciplinar, começando pelo contador, que tem acesso direto à situação financeira, e envolvendo o apoio jurídico especializado para aplicar as soluções adequadas. Quando essa sinergia acontece, os processos fluem e os resultados aparecem”, sublinhou o advogado.
O papel da Contabilidade e do Direito
O contador e consultor de empresas, Valcir Mantovani, enfatizou a necessidade de identificar os sinais iniciais de crise. “Quando o endividamento ainda é baixo, é possível realizar ajustes na atividade econômica para gerar mais caixa e equilibrar as finanças. Já em fases mais críticas, as soluções incluem a recuperação extrajudicial, com custos reduzidos e negociações diretas, ou, em casos mais graves, a recuperação judicial, conhecida como o ‘remédio mais amargo’ desse processo”, ressaltou.
O evento também destacou a situação das empresas da região ao evidenciar a importância de alertar os contadores e empresários sobre a identificação precoce desses sintomas. “Muitas vezes, a busca por ajuda acontece apenas em estágios avançados, o que dificulta a recuperação. Por isso, a conscientização e o preparo dos profissionais são essenciais para garantir uma intervenção eficaz e preservar a saúde financeira das organizações”, alertou.
O advogado e sócio da Gladius Consultoria, Agenor Daufenbach Júnior, ressaltou que a reestruturação de empresas é um processo que o empresário, muitas vezes, demora a perceber. A crise se aproxima lentamente, quase imperceptível, e, quando os impactos começam a surgir, o contador é, geralmente, o primeiro a ser procurado. Só em um segundo momento, busca-se apoio de advogados ou outros especialistas.
“Ao falar em reestruturação, não podemos olhar apenas para a empresa em dificuldade. É fundamental também considerar os direitos dos credores, que, muitas vezes, são outras empresas igualmente afetadas. O grande desafio está em encontrar um equilíbrio: salvar a empresa em crise sem prejudicar os credores, promovendo negociações que tragam soluções viáveis para ambos os lados”, disse Daufenbach.
Uma das maiores dificuldades, segundo ele, é identificar o momento em que a crise começou. Empresários experientes, que já enfrentaram desafios tendem a minimizar a gravidade das crises atuais, acreditando serem apenas mais uma.
“Entretanto, 90% dos casos em que atuei mostram que os empresários buscaram ajuda tarde demais, após já terem esgotado economias, recursos e forças produtivas. Esse atraso, muitas vezes, está ligado ao medo de serem vistos como maus pagadores ou de recorrerem ao Judiciário, quando isso deveria ser encarado como algo natural. Assim como uma batida de carro ou uma tempestade, crises podem acontecer. O essencial é saber identificar os sinais, agir rapidamente e aplicar as ferramentas certas para superar o problema de forma eficiente e estratégica”, finalizou.