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Eventos

Ricas experiências integram programação do Congresso Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia

A cada momento da programação, experiências, conhecimento e relatos envolvem o público participante (Fotos: Mayara Cardoso/ Agecom Unesc)

O Congresso Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia (CBEE), evento que reúne na Unesc, representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs), passando por professores; pesquisadores; estudantes e agricultores familiares, a cada atividade envolve mais e mais os participantes com ricas experiências. O evento, iniciado no domingo (14/07), segue até quinta-feira (18/07).

Nesta terça-feira (16/07), entre os convidados que passaram pelo palco do Auditório Ruy Hülse, esteve o pesquisador Bruno Marques. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ecologia (PPGEco) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Bruno tem raízes na Reserva Extrativista do Quilombo do Frechal, no Maranhão. O amor e a admiração pelas próprias origens, foco da apresentação no Congresso, são o propósito principal da trajetória enquanto pesquisador focado nas questões ambientais, desde os 17 anos.

Hoje, com 26 anos, o jovem quilombola trabalha em estudos com a base hidrográfica da Lagoa do Peri, em Florianópolis, analisando todos os aspectos físico-químicos e limnológicos da Lagoa. “Meu objetivo é aplicar lá na Base Hidrográfica do Rio Uru, de onde vim, já que o Rio é muito importante e por meio do qual populações têm alimento. Não é só pelo meu amor pelo Rio, mas por entender o quão precioso ele é na Reserva”, destacou.

O desejo pelo estudo acadêmico, conforme Bruno, surgiu ainda muito jovem, pelo ímpeto de colaborar e defender aquilo que acredita. “A gente por si só, quando está em local de resistência, já tem no sangue a vontade de lutar pelo próprio ideal. Desta forma, o desejo de ir em busca de conhecimento nasceu de forma muito natural, junto de oportunidades em que vi algumas situações que nos deixam tristes e como nos botam à mercê da sociedade”, pontuou ainda.

As oportunidades que foram cruciais para a trajetória do jovem quilombola, conforme ele mesmo, foram abraçadas com unhas e dentes com o propósito claro de estar rodeado de grandes nomes e absorver o máximo de conhecimento possível até voltar ao Maranhão e poder cuidar ainda melhor das riquezas que fazem parte da sua vida. “Trabalhar hoje com um recurso hídrico, tema que eu tanto quero me aprofundar, pra mim é ainda mais estímulo, porque eu sei que os meus avós, os meus pais vivem disso e eu tenho que ir com uma base muito forte. Eu falo que eu vim me cercar de gigantes pra me tornar um gigante”, acrescentou, aplaudido de pé no Congresso na Unesc.

O mestrando dividiu o palco com o pesquisador Aurélio Carvalho na abordagem da temática “Agrobioculturalidade, resistência e perspectivas”.

 

Relação: Pessoas/Natureza

Outra participante da programação desta terça-feira veio diretamente de Pernanbuco. A pós-doutora Taline da Silva é professora dos Programas de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza (UFRPE) e tem experiência em Etnobiologia, buscando entender os fatores que norteiam a complexa relação pessoas/ natureza, acessando o conhecimento, uso e percepção local dos recursos naturais e transformações da paisagem.

A visitante, que chegou no sábado (13/07) em Santa Catarina, tem aproveitado cada atividade da programação e, nesta terça, dividiu conhecimentos com os colegas pesquisadores e estudantes da área vindo de diversos lugares do país.

Para ela, o Congresso da Unesc tem se destacado pela presença de representantes de populações tradicionais compartilhando conhecimento nas palestras, algo inédito nos eventos que participou até agora.

 

Tema central

O tema central do congresso deste ano é “Diversidade biocultural: aquilombar, aldear e reflorestar a vida” e tem como objetivo discutir progressos na pesquisa dessas áreas, com foco nos interesses dos povos tradicionais, indígenas e não indígenas, e abordar desafios e ameaças à sociobiodiversidade. O evento destaca ainda importância da diversidade sociocultural e a contextualização das fronteiras territoriais, geopolíticas, hídricas, culturais e da biodiversidade para a comunidade acadêmica, governo e sociedade civil.

Para o presidente da comissão organizadora do evento, Carlyle Torres Bezerra de Menezes, a avaliação dos primeiros dias de encontro é muito positiva. “Acredito que o Congresso seja uma divisão de águas para que possamos voltar ainda mais os olhares ao conhecimento dos povos tradicionais junto da pesquisa científica. Estamos muito felizes por esse momento”, destacou.

O Congresso é dividido em diversos eixos temáticos, como: povos e comunidades tradicionais, territórios e mudanças climáticas; soberania alimentar, sistemas agrícolas tradicionais e agroecologia; manejo e conservação da biodiversidade: diálogos de saberes e experiências; conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade: estratégias de proteção e salvaguarda; biodiversidade, cosmologias e medicinas tradicionais; gênero, diversidade e etnoecologia; políticas públicas, povos e comunidades tradicionais; entre outros.  A programação completa está disponível em: https://www.unesc.net/cbee2024/programacao.

Junto do evento ocorre ainda uma feira agroecológica e da produção artesanal de povos e comunidades tradicionais com espaços de divulgação de instituições e empresas públicas e privadas de pesquisa básica e aplicada, voltadas para a produção de bens e serviços no campo da sociobiodiversidade.

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