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Colunistas

Cultura e Arte na Universidade: isolamento social e engajamento social

Escrevo aqui a partir da experiência vivida na Universidade do Extremo Sul
Catarinense – Unesc que é um lugar que atuo com a educação formal (ensino
regulamentado com componentes curriculares específicos); não formal (educação a
partir dos seus espaços de convívio social, museus, espaços culturais entre outros); e
informal (convívio com diferentes grupos envolvidos, meios de comunicação
tradicionais e redes sociais).

Ser profissional em tempos de pandemia tem nos mostrado a importância da
coragem e resiliência. No contexto do isolamento social, nos colocamos em cenários
diversos e adversos, continuando a pensar práticas educacionais, culturais e artísticas
a partir do locus onde atuo e do que indica as suas políticas de cultura. Desse lugar, na
condição de docente, pesquisadora e extencionista, ampliamos e alongamos o olhar
para pensarmos coletivamente práticas para seguirmos no compasso da pandemia,
que, ao tempo que nos indica a importância do isolamento social para o bem de todos,
nos dá a oportunidade para sairmos do lugar já conhecido – nem por isso zona de
conforto – para exercitarmos a abertura e até mesmo ousadia para novas práticas com
o fim de exercer as dimensões do ensino em diálogo com a comunidade regional.

Estar professora e gestora do Setor Arte e Cultura e do Museu da Infância da
UNESC, neste cenário, nos levou a testar essas novas formas de comunicação com os
diferentes públicos. Para isso, adaptamos o planejamento optando em continuar com o
desenvolvimento de projetos aprovados em editais. Um deles foi o projeto contemplado
no Edital Prêmio Elisabete Anderle 2019, que prevê três exposições de arte com a
temática: Criciúma – 140 anos de história, memória e poéticas urbanas. Realizamos
desde a curadoria até abertura da primeira exposição (Sobras do Tempo – dos artistas
Edi Balod e César Pereira), no formato virtual. Fizemos a montagem da exposição no
Espaço Cultural “Toque de Arte” Unesc (que completa 20 anos nesse mês), filmamos e
transmitimos pela TV Unesc, com a participação dos artistas, curadores e mediadora
do projeto. O material educativo está na Internet em <https://msha.ke/culturaunesc/> como
possibilidade de ser utilizado nas aulas mediadas por tecnologias, que é o grande
desafio dos professores nesses tempos.

Temos sempre muito a aprender e há que se permitir novos fazeres
educacionais e dessa forma. O projeto “Quintas Culturais” continuou suas atividades, via Live; o “FeiraBazar” continuou envolvendo artistas e realizando sorteios, via
Instagran; o Museu da Infância produziu novos vídeos, realizou mediações virtuais e
se prepara para abrir, virtualmente, a exposição “Hora de Estudar – Hora de Brincar”,
que faz parte do projeto “Núcleo Expositivo Infâncias e Culturas Escolares” do Museu
da Infância, contemplado no Edital Cultura Criciúma 2019.

Cada ação do Setor Arte e Cultura Unesc e Museu da Infância, sejam a revisão
dos sites, mídias sociais, postagens na internet entre outros visa ser canal de
educação, ensino, formação cultural possível ser acessado por todos permitindo a
conexão com essa área que sabemos ser transversal em todos os níveis da educação.
Verão, outono, inverno e continuamos em quarentena, mas não estamos sós.

Os espaços formais e não formais de educação, temporariamente fechados, podem
nos indicar que esse tempo de isolamento é em favor da vida. O que nos desafia e
coloca em movimento é a esperança de novos tempos onde a formação educacional,
cultural, ética e política seja menos discursada e mais efetiva. Na pandemia
constatamos o quando a cultura/arte se fez necessária e presente. Isso tudo me fez
relembrar a “utopia” de Fernando Birri, citada por Eduardo Galeano: “A utopia está lá
no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez
passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”

Por fim, o isolamento social não destruirá a nossa utopia e nem nos afastará das
práticas que buscam o engajamento educacional, cultural e social.

 

Amalhene Baesso Reddig – Professora e gestora – Mestre em Educação

 

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