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Atualidades

Em roda de conversa, autora conduz alunos do Colégio Unesc à reflexão sobre a humanidade

Livro “Da vida nas ruas ao teto dos livros”, da ex-moradora de rua, professora Clarice Fortunato Araújo, guiou estudantes em projeto realizado no primeiro semestre. (Fotos: Marciano Bortolin/Agecom/Unesc)

Inspirados pelo livro “Da vida nas ruas ao teto dos livros”, os alunos do Ensino Médio do Colégio Unesc desenvolveram o projeto “Quem olha para quem já fechou os olhos?”. Na manhã desta quinta-feira (29/06), os estudantes tiveram a oportunidade de conversar com Clarice Fortunato Araújo, autora da obra que os guiou durante todo o primeiro semestre.

A roda de conversa contou ainda com a participação da coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Unesc (Neabi), Normelia Ondina Lalau de Farias, e da assessora pedagógica da Escola de Idiomas, Dayane Cortez.

Durante a iniciativa, que ocorreu no Auditório Ruy Hülse, os alunos ouviram a história de Clarice e também puderam fazer diversas perguntas. “Este encontro tem muito valor, pois é uma possibilidade de refletirmos sobre a humanidade e o quanto nos importamos com a dor do outro, nos colocando como coletivo. Hoje posso não me importar com o outro, mas amanhã posso passar pela mesma dor. Como podemos querer uma sociedade melhor, antirracista, sem violência se tipos de violência como o racismo são promovidas?”, cita.

“Da vida nas ruas ao teto dos livros” é o primeiro livro da escritora paranaense, mas radicada em Santa Catarina. Doutora em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com experiência na na University of Exeter, na Inglaterra, atualmente ela leciona na Rede Estadual de Educação.

“O meu primeiro livro possui uma escrita com experiências presentes como crises de identidade, questões de violência que podem não ser racial, mas que existem no dia a dia. Esta, que é a minha primeira obra, fala de onde eu vim, um lugar de marginalidade, da experiência de morar na rua e chegar a um lugar que posso dizer que sou um sujeito inserido em um ambiente de conhecimento, que tenho mecanismo para sair do espaço de marginalidade e com possibilidade de ascensão social”, completa.

Normélia incentivou os alunos a lerem cada vez mais para assim obterem o letramento racial e, a partir dele, mudar algumas concepções. “É muito importante incentivar os jovens com ações como esta para entender como a construção da sociedade brasileira nos colocou neste lugar que na realidade não é nosso e não deveria ser de ninguém neste país. Cuidem para não confundir racismo com bullying. O bullying pode ser de uma condição que você se encontra e que pode mudar, mas a cor da minha pele não vai se alterar. Então precisamos tomar muito cuidado com isso”, fala.

Contextos

O projeto “Quem olha para quem já fechou os olhos?” faz parte dos componentes curriculares de Língua Portuguesa; Literatura; Oficina de Texto; Projeto de Vida; e Produção Textual.

“Foi um dia especial para os nossos alunos, com a presença da autora Clarice Fortunato. Por meio do projeto, que trouxe diferentes reflexões a partir de contextos sociais, de gênero, raça e etnia, entre tantos fatores, os nossos estudantes tiveram a oportunidade de ouvir e compreender e serem convidados a mudar o meio onde vivem e acreditar nos seus sonhos. Sensível e com uma fala contagiante, ela envolveu a todos”, enfatiza a diretora do Colégio Unesc, Marcela Gava.

O livro:

A autora, em uma narrativa fluída guia o leitor por um mar de vivências guardadas, como a “escafandrista chefe” de uma expedição pelo território inóspito, profundo e amedrontador das memórias que tentamos deixar afogadas na alma, mas que insistem em subir para a superfície.

Nunca é sem ansiedade a decisão de assumir a fala em primeira pessoa para contar histórias verdadeiras tão impressionantes de dores, lutas e também de vitórias, mas, aqui, passa-se longe do discurso fácil que chega ao lugar comum do autoelogio e da meritocracia tão em voga.

Contando sobre a busca de suas origens e as implicações das agruras sofridas, ela nos ajuda a refletir sobre nossas próprias vidas e sobre o que nós, os leitores, fizemos das nossas próprias memórias, dores e vivências. Ao compartilhar conosco sua família, Clarice nos dá a oportunidade da revisão e do exercício da empatia e da renovação pela identificação de nossas humanidades.

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